sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Seis pontos que nos farão realmente felizes (e durante mais tempo)


Publicado originalmente no site do jornal EL PAÍS BRASIL, em 25 de janeiro de 2020

Seis pontos que nos farão realmente felizes (e durante mais tempo)

Ciência demonstra que nem todos os nossos sonhos nos fazem alcançar a felicidade. Devem reunir algumas qualidades para que se transformem em satisfatórios e duradouros

Por Pilar Jericó 

Se você é desses que gostam de se propor objetivos pessoais, é possível que te interesse saber que, de acordo com a ciência, nem todos os nossos sonhos nos fazem alcançar a felicidade. O caminho para se chegar até ela nem sempre é o mais direto. A professora Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia e uma das grandes especialistas na matéria, concluiu que nossos desafios devem reunir seis condições para que se transformem em satisfatórios e duradouros.

1. Intrínseco. Um objetivo intrínseco é aquele valioso para si mesmo, nos permite crescer como pessoa e contribui com algo positivo a terceiros. Por isso estudar um assunto do qual gostamos, melhorar nossa paciência e fazer parte de uma ONG é muito mais estimulante a longo prazo do que focar em objetivos extrínsecos para impressionar outros, como pode ser ficar famoso, rico, mais bonito e perseguir o poder. Numerosas pesquisas demonstram isso, como a dos psicólogos Richard Ryan e Edward Deci. É verdade que quando atingimos um objetivo extrínseco ficamos animados, mas dura muito pouco e é mais superficial do que a satisfação de aprender e a sensação de ajudar os outros.

2. Autênticos. Os objetivos estimulantes são aqueles que realizamos porque assim o desejamos, mas também porque estão alinhados aos nossos valores e necessidades, não porque pretendemos agradar os outros. Podemos estudar e conseguir um posto por prazer pessoal e para satisfazer nossos pais e nosso companheiro ou companheira. A longo prazo, essa última opção pode nos fazer sentir frustração.

3. Aproximação. Aquilo que desejamos pode estar motivado por nos aproximar de algo (nos sentirmos saudáveis, procurar novas experiências enriquecedores, realizar novas amizades...), e para evitá-lo (não engordar, não nos irritar e não nos sentirmos sozinhos). Como demonstram estudos como o de Andrew Elliot, Kennon Sheldon e Marcy Church, os objetivos de aproximação são muito mais recomendáveis e trazem mais felicidade que os de evitação, que nos fazem sentir mais preocupados e angustiados. Por isso vale a pena reformular o que nos propomos para dar mais força.

4. Harmônico. Todos nos propomos mais de um objetivo ao mesmo tempo. O importante é que sejam harmônicos e não se oponham entre eles. É difícil, para não dizer impossível, se propor ter um filho e ao mesmo tempo pretender que nossa vida seja mais tranquila. Ou montar uma empresa e ter muito tempo livre. A priori, há objetivos que são incompatíveis. Se é nosso caso, essa situação nos causará muita tensão, de modo que é importante aprender a ter foco.

5. Flexíveis e adequados. Precisamos atualizar os objetivos e sonhos que perseguimos a nossas circunstâncias. Dependendo de nossa idade, da condição física e da situação econômica podemos atingir uns ou outros. Por isso, é importante ser pragmáticos e nos colocar desafios que sejam flexíveis e se adequem a nossa realidade. Como demonstram os psicólogos Laura Carstensen, Derek Isaacowitz e Charles ST em uma pesquisa, os jovens procuram desafios relacionados a ganhar experiências e adquirir conhecimentos. Por outro lado, os adultos preferem objetivos com mais carga emocional. Diante do dilema de com quem jantar, uma pessoa de 20 anos preferirá ir com um escritor famoso, enquanto alguém que passou dos 65 escolherá fazê-lo com sua tia favorita. Todos mudamos e nossos objetivos devem mudar também.

6. De atividade. Podemos definir objetivos de um só impacto e circunstanciais (mudar de casa, comprar uma televisão maior), e optar por outros que signifiquem uma atividade e seguir um processo (se associar a um clube e aprender arte). A ciência demonstrou que nos acostumamos muito fácil ao que é agradável, por isso os objetivos que significam alguma atividade nos fazem mais felizes durante mais tempo do que os circunstanciais. De acordo com uma pesquisa desenvolvida por Kennon Sheldon e Sonja Lyubomirsky, os objetivos circunstanciais nos fazem felizes durante seis semanas no máximo, mas os de atividade, aqueles que requerem um processo, fazem com que nos sintamos melhor durante pelo menos 12 semanas.

Definitivamente, se queremos que nossos objetivos nos façam felizes, eles devem ser intrínsecos, autênticos, de aproximação, harmônicos, flexíveis, adequados e de atividade. Os desafios que você se propôs para este ano são assim?

Texto e imagem reproduzidos do site: brasil.elpais.com

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