Publicado originalmente no site do jornal EL PAÍS BRASIL, 3
de julho de 2019
Três perguntas para saber que talento você tem
Aprender a identificar nossas habilidades é essencial para
conseguir trabalho e melhorar nossa posição
Por Pilar Jericó
Todos nós temos talento, mas não temos talento para tudo. O
difícil é identificar a habilidade que possuímos, especialmente quando
pretendemos começar uma nova etapa profissional ou estamos um pouco perdidos.
Mas existem três perguntas simples que podem nos orientar. Do que você gosta? O
que você faz bem? O que os outros valorizam em você? Quando as respostas não
são as mesmas, surgem os conflitos.
Antes de analisar as perguntas com mais detalhes, façamos
duas breves ponderações. Primeiro, não estamos falando de talento como o dos
artistas ou gênios, mas daquelas capacidades com as quais nos destacamos e
alcançamos bons resultados no plano profissional. Segundo, não são capacidades
inatas. Claro que trazemos certas habilidades do berço, mas o que conta no
plano profissional requer trabalho e esforço. Após essas reflexões, vejamos
agora as três questões anteriores.
- Do que você gosta? A paixão é o principal motor para o
desenvolvimento de nosso potencial. Se não curtimos o que fazemos, dificilmente
poderemos nos destacar. Motivação e paixão são coisas diferentes. A motivação
pode acabar um dia porque tivemos uma noite ruim ou um problema; já a paixão é
contínua no tempo, não sendo prejudicada por circunstâncias pontuais.
- O que você faz bem? Você pode gostar muito de alguma
coisa, mas, para ter talento, precisa se destacar e alcançar resultados. Isso
exige dedicação e aprendizagem, além de iniciativa para experimentar e contar
com professores ou com referentes. Ou seja: dedicar tempo e esforço. O pintor
Pablo Picasso resumiu de forma magnífica: “A inspiração existe, mas tem que
encontrar você trabalhando.”
- O que os outros valorizam em você? Se estamos falando do
âmbito profissional, precisamos transformar nossas habilidades em resultados.
Você pode ter paixão pelo seu trabalho e dedicar tempo e esforço. Mas se isso
não interessar aos demais, dificilmente será considerado um talento. Como
explicamos antes, não estamos falando desses gênios que foram reconhecidos após
a morte, mas da maioria das pessoas – que necessitam de uma empresa ou cliente
dispostos a pagar por seu trabalho.
Se essas três condições não forem cumpridas, é complicado
que uma pessoa tenha um talento reconhecido e perdurável. Se uma das respostas
não tiver relação com as outras duas, surgem os problemas. Por exemplo: se você
tem entusiasmo pelo que faz, e faz bem, mas ninguém está disposto a valorizar
esse trabalho, então é um hobby. Você vai curtir e se divertir, mas
dificilmente poderá ganhar a vida com ele. Isso explica por que muitos
empreendedores fracassam. São rodeados de pessoas que os incentivam, mas não
têm o termômetro para indicar o que o mercado realmente precisa.
Por outro lado, se se você faz algo bem e os outros
reconhecem, mas você não gosta de fazer, acaba preso na rotina e pode terminar
se queimando com o que faz. Vai ser difícil largar, porque o sucesso não é bom
aliado para as mudanças. Pouco a pouco, contudo, você vai se desgastar. Por
último, se você gosta muito do que faz e os outros reconhecem seu trabalho, mas
você não faz bem, então é um sucesso muito vulnerável. A qualquer momento,
outra pessoa poderá levar a melhor sem você perceber.
Em resumo, devemos pensar em nosso trabalho: se você gosta
do que faz, considera que faz bem e se sente valorizado por isso. Se a resposta
nos três casos for sim, você tem mais possibilidades de ter um talento
reconhecido no tempo.
Texto e imagem reproduzidos do site: brasil.elpais.com
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