Vida de livreiro – Mauricio Eloy e o sebo Chama de uma Vela
Publicado originalmente no blog ESTANTE VIRTUAL, em 01.06.2018
Gabriela
Mattos
Conheça o professor de História da Arte que dedica a vida
aos livros. Ele mantém sebo online, mas sonha em reabrir loja em São Paulo
A relação do professor Mauricio Eloy com a literatura
começou na adolescência. Aos 18 anos, ele sonhava em administrar uma livraria,
em São Paulo, e mal podia adivinhar que realizaria seu desejo 15 anos depois.
Em 2001, Eloy abriu o sebo Chama de uma Vela, na Rua Augusta, uma das
principais vias da cidade. Lá, acumulou histórias e experiências com os
clientes. Em um dos casos mais marcantes, um integrante da família de um
restaurante italiano decidiu doar a biblioteca inteira dele para a loja.
“Um idoso foi ao meu sebo e queria comprar um livro
específico de arte romena. A obra era R$ 80 e eu fiz por R$ 60, mas ele não
entendeu o motivo do desconto. Expliquei que era uma forma de agradá-lo, já que
era cliente novo. Ele disse que me daria a biblioteca inteira dele. Uns 15 dias
depois, uma Kombi estacionou em frente à loja e descarregou os produtos”,
lembra Mauricio, de 49 anos, acrescentando que o acervo reunia cerca de 800
itens, como relacionados a cantores de jazz.
Eloy começou a trabalhar com livros após atuar mais de dez
anos na área cultural. Formado em História da Arte, ele foi contratado para uma
livraria especializada em arte e ajudou em uma feira de antiguidades. Depois, o
dono do estabelecimento o convidou para assumir a banca.
“Comprei meu primeiro lote da sobrinha-neta do Monteiro
Lobato com R$ 500. Depois, comprei mais um lote com uns 500 livros em italiano
da editora Mondadori. Era um risco, mas achei as obras tão fantásticas. E são
raros de conseguir. No shopping [na Avenida Paulista, em São Paulo], minha
banca chegou a 1,5 mil livros”, conta.
Mauricio Eloy no início do sebo (Foto: Arquivo pessoal)
Estante Virtual aumenta vendas
Por causa da crise financeira, Eloy fechou as portas da
loja, na Rua Augusta, em 2016. No entanto, o sebo online continua funcionando a
todo vapor. Hoje, o acervo inclui mais de oito mil itens. O professor também
conta com o auxílio da Estante Virtual para vender os livros na Internet desde
2006. “Hoje, minha renda maior de vendas vem da Estante. O site proporciona
maior facilidade na aquisição dos produtos”, afirma.
Eloy reforça ainda que a Estante Virtual ajuda na divulgação
do material para pessoas do Brasil inteiro. “Inclusive aquelas pessoas que não
têm acesso a livrarias em suas cidades. Trabalho com produtos esgotados, então
há muita procura. Se não tivesse a Estante, com certeza eu não teria esse
alcance todo”, completa.
Por que o nome?
Mas, afinal, por que o nome Chama de uma Vela? Um dos
motivos está relacionado à memória afetiva da infância. “Quando era criança,
vivia na periferia de São Paulo. Eu e minha família éramos muito pobres e não
tínhamos energia elétrica, vivíamos à base de velas. Isso marcou muito para
mim. Gostava da claridade proporcionada pela vela”, explica. Outro motivo está
relacionado a uma de suas obras favoritas, A Chama de uma Vela, de Gaston
Bachelard.
A série “Vida de Livreiro” vai continuar a contar as
histórias dos personagens da nossa rede. Quer compartilhar suas experiências
com os leitores do Estante Blog? Conte a sua jornada pelo universo dos livros
através do e-mail: suahistoria@estantevirtual.com.br
Texto e imagens reproduzidos do blog.estantevirtual.com.br
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