terça-feira, 24 de setembro de 2019

0 grandes filmes que foram proibidos ou censurados

Publicado originalmente no site [huffpostbrasil], em 18 de setembro de 2019

10 grandes filmes que foram proibidos ou censurados

A história do cinema está cheia de produções que foram perseguidas pelos mais diversos motivos.

By Rafael Argemon

A atual política de rever o repasse de recursos para filmes com temática LGBT por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), além de casos como o adiamento do lançamento do longa Marighella e a proibição da exibição do documentário Chico: Artista Brasileiro (2015) em um festival no Uruguai, reascenderam uma questão que o cinema, e as artes em geral, sofrem desde sempre: a censura.

Pelos mais variados motivos, filmes são banidos ou censurados no mundo todo. Seja por razões políticas, morais ou religiosas, grandes títulos só foram exibidos em salas de cinema muitos anos depois de terminados, transformando-os em obras “malditas”.

Pensando nisso, selecionamos aqui 10 grandes filmes que foram proibidos ou censurados no mundo:

Saló ou os 120 Dias de Sodoma (1975)


O mais incompreendido dos filmes do cineasta e poeta italiano Pier Paolo Pasolini, Saló é uma adaptação livre de Os 120 Dias de Sodoma, do Marquês de Sade, transportado para a Itália fascista de Benito Mussolini. A produção seria a primeira parte da Trilogia da Morte, que se contraporia a Trilogia da Vida, formada por Decameron (1971), Os Contos de Canterbury (1972) e As Mil e Uma Noites (1974), mas Pasolini foi assassinado por um garoto de programa poucos meses depois de encerrar as filmagens de Saló. Crítica ácida aos horrores do fascismo, o filme, infelizmente, acabou ficando marcado mais pelo escândalo do que pelas questões que levanta. Foi proibido em diversos países com costumes mais conservadores, como Sri Lanka e Irã, mas também em locais ditos mais “liberais”, como a Austrália e a Finlândia, que liberou a exibição de Saló apenas em 2001.

A Última Tentação de Cristo (1988)


Católico convicto, Martin Scorsese ficou fascinado com o Jesus mais humano retratado no livro do grego Níkos Kazantzákis, e entendia que as pessoas poderiam compreender melhor a figura de um Cristo mais acessível ao público, que entendia as aflições e contradições dos seres humanos exatamente por ele mesmo ser um. Mas a mensagem compreendida por muitos cristãos pelo mundo afora foi totalmente contrária ao que Scorsese imaginava. Vários grupos religiosos rejeitaram o filme e as reações foram muitas vezes violentas. Em 22 de outubro de 1988, em um grupo fundamentalista cristão francês lançou coquetéis molotov dentro de uma sala de cinema que exibia o longa em Paris. Treze pessoas ficaram feridas. Quatro com queimaduras graves. O filme foi proibido em países como a Turquia, Argentina, México e Chile. Nas Filipinas e em Singapura, a produção só teve sua exibição liberada em 2010.

Laranja Mecânica (1971)


Adaptação do livro do escritor inglês Anthony Burgess, Laranja Mecânica foi banido no Reino Unido a pedido de seu próprio diretor, o americano Stanley Kubrick, que vivia há anos na Inglaterra. Incomodado com as críticas ruins que acusavam o filme de ser excessivamente violento e por conta de ameaças de morte que recebeu, Kubrick exigiu que o longa fosse liberado a passar nos cinemas britânicos apenas depois de sua morte, que aconteceu em 1999. O filme também foi proibido em países como Irlanda, Coreia, Singapura, África do Sul. Aqui no Brasil, ele chegou aos cinema apenas sete anos depois de seu lançamento, e com bolinhas pretas que cobriam os corpos em cenas de nudez.

O Grande Ditador (1940)


Logo que começou a produção de O Grande Ditador, em 1937, Charles Chaplin foi pressionado pelo governo inglês a desistir de fazer o filme. O motivo? O Reino Unido ainda tentava uma aproximação com o governo nazista. Claro que, quando foi lançado, em 1940, o grande libelo de Chaplin contra o autoritarismo foi usado pelo próprio governo inglês como propaganda anti-nazista. A Alemanha, claro, baniu o filme, mas, de acordo com o jornalista Otavio Cohen relata em seu livro A História Bizarra da 2ª Guerra Mundial, o próprio Hitler assistiu ao filme. E mais de uma vez! O curioso foi que além da Alemanha nazista, o longa foi proibido no Brasil de Getúlio Vargas, que por anos foi simpático aos nazistas e classificou o filme de ser “comunista”, e no período das ditaduras militares do Paraguai e Argentina.

O Massacre da Serra Elétrica (1974)


O que você pensa quando encara uma fila gigante em um caixa no supermercado? Tobe Hooper teve a ideia para O Massacre da Serra Elétrica quando estava em uma loja de ferragens lotada. “Por que não usar uma serra elétrica para abrir caminho na multidão”, imaginou o diretor. Mal sabia ele que nascia ali um dos grandes clássicos do terror que causaria a fúria de pais mundo afora, preocupados com a violência que seus filhos consumiam no cinema. O Massacre da Serra Elétrica foi proibido por anos em países como Brasil, Finlândia, Noruega, Suécia, Singapura e Austrália, sendo liberado por lá só na década de 1980. Mas nada se comparar ao que o longa sofreu na Alemanha, em que foi banido e teve todas as suas cópias confiscadas pelo governo em 1985.

Eu Vos Saúdo Maria (1985)


A visão moderna do francês Jean-Luc Godard sobre Maria causou furor por onde passou. Não muito pelo filme em si, que apenas transporta o “mito” para os tempos modernos em que Maria é apenas uma jovem que gosta de jogar basquete, mas principalmente depois que o Papa João Paulo II condenou o longa publicamente. Assim como na Argentina, o governo brasileiro, do então presidente José Sarney, proibiu sua exibição. Mas vários intelectuais e músicos organizaram sessões clandestinas e a pressão acabou fazendo com que a proibição fosse cancelada.

O Encouraçado Potemkin (1925)


Um dos maiores clássicos do cinema e apontado por muitos críticos como um dos maiores e mais importantes filmes da história, O Encouraçado Potemkin, do cineasta Sergei Eisenstein era revolucionário de diversas formas. Muito por conta do jeito em que foi filmado, com planos incomuns para a época e uma edição ágil que passou a ser copiada. Porém, o que chamou mais a atenção de muitos governos foi a parte “revolucionária” da mensagem. O filme foi considerado uma propaganda do comunismo e banido em boa parte do mundo fora da cortina de ferro, como Espanha, Reino Unido, França, Alemanha... A lista é bem grande. Mas essas barreiras foram logo suplantadas pelo incrível legado dessa que é uma das grandes obras primas da sétima arte.

A Vida de Brian (1979)


Nem o grupo cômico inglês Monty Python escapou da fúria dos cristãos quando resolveu fazer piada com a vida de Jesus. Bom, não era bem isso, já que A vida de Brian foca em Brian, um homem que acaba se metendo em altas confusões por ser confundido com o filho de Deus. Muitos radicais não acharam a mínima graça e o longa foi banido em países como África do Sul, Irlanda, Malásia e Noruega. aliás, na Suécia, o longa filme foi liberado e até exibido com o slogan: “O filme é tão engraçado que foi banido na Noruega”. Os noruegueses liberaram a exibição no ano seguinte, em 1980.

O Último Tango em Paris (1972)


O Último Tango em Paris é controverso desde a sua concepção. O filme nasceu como uma fantasia sexual de seu diretor, o italiano Bernardo Bertolucci, que uma vez sonhou que encontrava uma mulher na rua e fazia sexo com ela, sem nunca saber quem ela era e qual o seu nome. No Brasil, a ditadura militar liberou a exibição do longa apenas em 1979. Já no Chile de Pinochet a proibição durou 30 anos. No Reino Unido, assim como em uma série de países, o filme teve várias cenas cortadas. Mas o grande problema que Bertolucci teve foi em seu próprio país. Na Itália, seu filme foi exibido apenas em 1975 e o cineasta foi condenado a quatro meses de prisão por “obscenidade”. A condenação acabou sendo revertida. Em 2016, dois anos antes de sua morte, Bertolucci provocou ainda mais polêmica ao admitir que a atriz Maria Schneider não sabia previamente o que aconteceria na “famosa” cena em que Marlon Brando usa manteiga para fazer sexo anal com sua personagem.

A Tortura do Medo (1960)


Conhecido como o filme que acabou com a carreira do diretor britânico Michael Powell (Sapatinhos Vermelhos, Narciso Negro e Coronel Blimp - Vida e Morte), A Tortura do Medo foi banido na Finlândia por 21 anos! O longa foi pessimamente recebido pela crítica e pelo público britânico, que viu na história do psicótico Mark Lewis (Karlheinz Böhm), que usa sua câmera para matar e ao mesmo tempo filmar sua vítimas, um exercício sem sentido de violência e voyeurismo. Mas o tempo mostrou que o filme merecia bem mais reconhecimento. O British Film Institute o nomeou o longa como o 78º maior filme britânico de todos os tempos. Já em 2017, uma pesquisa com 150 atores, diretores, roteiristas, produtores e críticos classificou Tortura do Medo como o 27º melhor filme britânico da história.

Texto e imagens reproduzidos do site: huffpostbrasil.com

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