Danielle Scarlat teve que esconder que é mulher trans para
trabalhar, mas em 2018 ela será acolhida
Por Neto Lucon
A técnica contábil Danielle Scarlat Moreira Silva, que é uma
mulher trans, se prepara para vivenciar plenamente o gênero com o qual se
identifica no ambiente de trabalho: o feminino. A decisão ocorreu após
trabalhar durante três anos na identidade de "homem" no Hospital
Metropolitano Dr. Célio de Castro, em Belo Horizonte.
Ela conta que até então sentia medo de sofrer represálias e
perder o emprego devido à transfobia. Dentre os procedimentos para sublimar a
mulher que é, Danielle chegava a amarrar os cabelos, pressionar os seios de
silicone para escondê-los, usar camisas e calças largas e tênis. "Chega.
Cansei", declarou ela ao G1.
A profissional afirma que desde a infância tinha consciência
de que, apesar de ter sido designada homem no nascimento, é uma mulher. Na
adolescência, sofreu sua pior fase ao tentar viver como homem e ser muito
infeliz. Foi na vida adulta que decidiu correr atrás de ser quem era, passar
pela hormonioterapia e acompanhamento psicológico.
Ela conseguiu se formar em técnica de contabilidade há 10
anos e ser registrada no Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais.
Quando se candidatou ao cargo de coordenação do Hospital do Barreiro, temeu que
o preconceito a fizesse perder a vaga e foi com roupas consideradas masculinas.
"Era uma insegurança. Eu amarrava os seios para ir trabalhar. Tinha gente que
achava que eu era lésbica".
A preocupação tem fundamento. Segundo a ANTRA, mais de 90%
das travestis e mulheres transexuais estão inseridas na profissão do sexo -
grande parte por falta de oportunidades no mercado formal de trabalho. O
preconceito também é grande, fazendo que o Brasil seja o país que mais mata a
população trans no mundo, informa a ong internacional Transgender Europe.
Atualmente Danielle está de férias. Em janeiro de 2018, ela
declara que voltará ao trabalho com vestido, maquiagem e sapatos de salto. O
Recursos Humanos do Hospital já está preparando os demais funcionários para que
a profissional seja recebida com respeito. O objetivo é que ela continue se
sentindo à vontade e trabalhando como sempre trabalhou sendo apenas ela mesma. Segundo
ela, a repercussão de sua história ajuda na luta contra o preconceito.
“Histórias como a minha são importantes para que os
empresários confiem e deem oportunidades para mulheres trans e homens trans.
Nos sexualizam demais. Eu não assumi novinha pelo fato de não arrumar emprego e
cair na marginalidade como último refúgio. Precisamos trabalhar, precisamos
aposentar e não viver em plena prostituição. Chega!”, finalizou. Estamos na
torcida para que tudo dê certo!
Texto e imagem reproduzidos do site: nlucon.com
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