Foto Pino Gomes
Publicado originalmente no site da revista Status, em 18/04/2013
Sophia Reis.
Filha do eterno titã Nando Reis, a atriz cresceu e mostra
que tem brilho próprio tanto no cinema como nos palcos
Por Nirlando Beirão
A secretária eletrônica dela revela uma voz forte, decidida,
nada a ver com a ternurinha fofa que você pode esperar de uma garota linda de
24 anos. Deu vontade de perguntar, de cara: “Você tem mesmo toda essa
autoconfiança que transparece?” Olhem em volta. Ela nem precisa responder. Ela
tem, sim, e é fácil entender por quê.
Sophia Reis é do tipo que gosta – palavras dela – de
“transitar pelos extremos”. Sem medo da vertigem das surpresas e das
descobertas. Cultiva um jeito desafiador, provocativo, desmedido de encarar a
vida, o trabalho, a sexualidade. Uma vez disse numa entrevista: “Já tive meus
momentos com mulheres.” Não foi bem assim, mas ela não se descabelou. “O que
quis dizer é que não consigo julgar ou rotular o desejo”, diz Sophia. “Falar
isso não quer dizer que sou lésbica.”
Provocativa ela é até nas minúcias. Nascida numa família em
que torcer para o São Paulo é um destino compulsório, uma religião, uma sina,
Sophia tratou de se esquivar. Descobriu o amor pelo Santos, “que tem esse
charme da praia” e tem agora também esse ícone pop chamado Neymar. O pai dela,
o ex-titã Nando Reis, ficou uma fera. O carinha é tão fanático que costumava
arrastar para a arquibancada do Morumbi, em dia de chuva, a gélida Marisa Monte
quando os dois namoravam.
“Para mim, a melhor promessa de liberdade é ser livre de nós
mesmos, romper com nossos próprios estereótipos”, diz Sophia. “Mesmo que o
resultado seja uma relação meio esquizofrênica comigo mesma.” Às vezes vaidosa,
às vezes nem um pouco. Às vezes comilona, às vezes culpada. “Às vezes mulherão,
às vezes skatista com cara de menino.” Sempre mulherão, é bom corrigir. Sempre
corajosa. “Não sou disciplinada, não sou programada, não sei o que vai
acontecer amanhã, mas pago minhas contas em dia”, afirma.
Comemorou o aniversário de 16 anos no set de filmagem, atriz
de primeira viagem do filme Meu pai matou um cara, do gaúcho Jorge Furtado.
Conseguiu se destacar em meio àquele butantã de atores e atrizes, Lázaro Ramos,
Ailton Graça, Dira Paes. Está na estrada desde então. No cinema, na tevê (MTV,
A liga, da Band).
No Volta ao mundo, do Multishow, fez plantão em Delegacia da
Mulher e aceitou participar do rito do Santo Daime. “Pensei que ia morrer, que
ia ficar louca, depois fui encharcada de uma sensação de amor, um furacão
passou dentro de mim, perdi noção de tempo, de lugar, é impossível descrever.”
Tudo registrado por uma câmera indiscreta.
No segundo semestre deste ano, estreia ao lado de Leopoldo
Pacheco em Depois do ensaio, que simula um telefilme em palco de teatro. A peça
é de Ingmar Bergman. Definitivamente, Sophia não tem medo de fantasmas.
Ser atriz a ajuda a encarar o desafio de ser essa
metamorfose ambulante, abastecida de liberdade, e, por outro lado, ser essa
criatura capaz de se transformar o tempo todo a ajuda a ser atriz. “Mas não me
sinto da tribo do teatro”, diz. Na verdade, de tribo nenhuma. “Fiz o caminho
inverso: do cinema para o teatro, por isso ainda me sinto meio estranha ao
meio”, diz Sophia. “Não pretendo ganhar o Oscar.”
A música é um fascínio, “mas não passa pelo meu pai”. “Não
toco violão, não leio música”, a praia dela é o pop rock, tem tatuagem do Jimmy
Page (Led Zeppelin) e do Rage Against the Machine e um dos piores momentos na
vida dela foi aquele em que descobriu, no primeiro dia de uma volta ao mundo
pelo Multishow, que o iPod tinha sumido. “Quero ter uma banda tipo Diana Ross
and The Supremes para me vestir bem diva”, provoca. Nem precisa, Sophia. Diva
você já é.
Texto e imagem reproduzidos do site: revistastatus.com.br

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