segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Sophia Reis

Foto Pino Gomes

Publicado originalmente no site da revista Status, em 18/04/2013

Sophia Reis. 

Filha do eterno titã Nando Reis, a atriz cresceu e mostra que tem brilho próprio tanto no cinema como nos palcos

Por Nirlando Beirão

A secretária eletrônica dela revela uma voz forte, decidida, nada a ver com a ternurinha fofa que você pode esperar de uma garota linda de 24 anos. Deu vontade de perguntar, de cara: “Você tem mesmo toda essa autoconfiança que transparece?” Olhem em volta. Ela nem precisa responder. Ela tem, sim, e é fácil entender por quê.

Sophia Reis é do tipo que gosta – palavras dela – de “transitar pelos extremos”. Sem medo da vertigem das surpresas e das descobertas. Cultiva um jeito desafiador, provocativo, desmedido de encarar a vida, o trabalho, a sexualidade. Uma vez disse numa entrevista: “Já tive meus momentos com mulheres.” Não foi bem assim, mas ela não se descabelou. “O que quis dizer é que não consigo julgar ou rotular o desejo”, diz Sophia. “Falar isso não quer dizer que sou lésbica.”

Provocativa ela é até nas minúcias. Nascida numa família em que torcer para o São Paulo é um destino compulsório, uma religião, uma sina, Sophia tratou de se esquivar. Descobriu o amor pelo Santos, “que tem esse charme da praia” e tem agora também esse ícone pop chamado Neymar. O pai dela, o ex-titã Nando Reis, ficou uma fera. O carinha é tão fanático que costumava arrastar para a arquibancada do Morumbi, em dia de chuva, a gélida Marisa Monte quando os dois namoravam.

“Para mim, a melhor promessa de liberdade é ser livre de nós mesmos, romper com nossos próprios estereótipos”, diz Sophia. “Mesmo que o resultado seja uma relação meio esquizofrênica comigo mesma.” Às vezes vaidosa, às vezes nem um pouco. Às vezes comilona, às vezes culpada. “Às vezes mulherão, às vezes skatista com cara de menino.” Sempre mulherão, é bom corrigir. Sempre corajosa. “Não sou disciplinada, não sou programada, não sei o que vai acontecer amanhã, mas pago minhas contas em dia”, afirma.

Comemorou o aniversário de 16 anos no set de filmagem, atriz de primeira viagem do filme Meu pai matou um cara, do gaúcho Jorge Furtado. Conseguiu se destacar em meio àquele butantã de atores e atrizes, Lázaro Ramos, Ailton Graça, Dira Paes. Está na estrada desde então. No cinema, na tevê (MTV, A liga, da Band).

No Volta ao mundo, do Multishow, fez plantão em Delegacia da Mulher e aceitou participar do rito do Santo Daime. “Pensei que ia morrer, que ia ficar louca, depois fui encharcada de uma sensação de amor, um furacão passou dentro de mim, perdi noção de tempo, de lugar, é impossível descrever.” Tudo registrado por uma câmera indiscreta.

No segundo semestre deste ano, estreia ao lado de Leopoldo Pacheco em Depois do ensaio, que simula um telefilme em palco de teatro. A peça é de Ingmar Bergman. Definitivamente, Sophia não tem medo de fantasmas.

Ser atriz a ajuda a encarar o desafio de ser essa metamorfose ambulante, abastecida de liberdade, e, por outro lado, ser essa criatura capaz de se transformar o tempo todo a ajuda a ser atriz. “Mas não me sinto da tribo do teatro”, diz. Na verdade, de tribo nenhuma. “Fiz o caminho inverso: do cinema para o teatro, por isso ainda me sinto meio estranha ao meio”, diz Sophia. “Não pretendo ganhar o Oscar.”

A música é um fascínio, “mas não passa pelo meu pai”. “Não toco violão, não leio música”, a praia dela é o pop rock, tem tatuagem do Jimmy Page (Led Zeppelin) e do Rage Against the Machine e um dos piores momentos na vida dela foi aquele em que descobriu, no primeiro dia de uma volta ao mundo pelo Multishow, que o iPod tinha sumido. “Quero ter uma banda tipo Diana Ross and The Supremes para me vestir bem diva”, provoca. Nem precisa, Sophia. Diva você já é.

 Texto e imagem reproduzidos do site: revistastatus.com.br

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