Publicação compartilhada do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, em 1 de
agosto de 2021
O verdadeiro recado do atleta trans Laurel Hubbard às
mulheres
O verdadeiro recado que Laurel estará passando às mulheres
de todo o planeta é: “Um homem é melhor que as mulheres em tudo, até mesmo em
ser mulher. Aceitem e batam palmas”. Luciano Trigo para a Gazeta do Povo:
Quatro dias atrás, publiquei um artigo exaltando o fato de a
meritocracia prevalecer nos Jogos Olímpicos, por premiar o desempenho dos
atletas sem considerações de raça, gênero ou sexualidade. Nas competições
olímpicas, as condições são iguais no ponto de partida, não no ponto de
chegada; não há cotas nem mecanismos de compensação para grupos menos
favorecidos; e somente os melhores sobem no pódio: a imensa maioria dos atletas
volta para casa sem medalha.
A beleza das competições olímpicas está aí: se a narrativa
do coitadismo e do vitimismo influenciasse os resultados, com cotas para
“corpos gordos”, anões ou atletas cujos países foram explorados por
colonizadores séculos atrás, assistir aos jogos não teria a menor graça.
Mas, como lembraram diversos leitores na seção de
comentários, faltou fazer uma ressalva: o progressismo identitário e a
insanidade politicamente correta já começaram, sim, a perverter o espírito
olímpico. Isso está acontecendo na figura do (esperam que eu escreva “da”?
"de"? "du"? "dx"? Me poupem) halterofilista
neozelandês Laurel Hubbard, o primeiro atleta transgênero a competir nas
Olimpíadas.
Apesar de ter nascido com pênis e testículos, de seus
cromossomos serem XY, de apresentar a estrutura óssea e a força muscular de um
homem – enfim, de pertencer ao sexo masculino – Laurel, uma "mulher
trans", vai competir em Tóquio com "mulheres-mulheres", neste
domingo, na categoria acima de 87 kg.
A injustiça é absurda e acachapante, mas vivemos em uma
época na qual é preciso dizer o óbvio: atletas homens são mais fortes
fisicamente que atletas mulheres. São mais rápidos também: basta observar as
provas de revezamento misto no atletismo, uma novidade nas Olimpíadas de
Tóquio: cada equipe compete com dois homens e duas mulheres, e a estratégia de
quase todos os países foi começar e terminar a prova com os homens, porque –
evidentemente – eles são muito mais rápidos e têm mais condições de abrir
vantagem no começo da prova, ou de compensar os tempos piores das mulheres, na
parte final.
Laurel nasceu Gavin. Competiu no levantamento de peso como
homem até os 23 anos. Como homem, Gavin era um halterofilista com resultados
medianos em competições. Mas ele teve uma ideia genial: como mulher, sendo um
homem, faria parte da elite do esporte.
Aos 35, com sua massa muscular de homem já consolidada, ele
fez a chamada “transição” de gênero, procedimento que inclui, além de tomar
hormônios, amputar os órgãos sexuais masculinos e esculpir anatomicamente uma
vagina fake – o que exige acompanhamento psicológico, psiquiátrico e
endocrinológico pelo resto da vida. Até aqui, problema dele. Desde que não
prejudique ninguém, cada adulto é livre para fazer suas escolhas (e assumir a
responsabilidade por elas).
Vamos aos fatos: por mais que tome hormônios e faça
procedimentos cirúrgicos no seu corpo, Laurel jamais poderá ser mãe: só
mulheres de verdade podem ter filhos. Mas, segundo o Comitê Olímpico
Internacional, Laurel é uma mulher, porque apresentou exames que mostraram
níveis baixos de testosterona – como se isso resolvesse a questão, como se
bastasse isso para ser mulher. (Mesmo os níveis de testosterona estipulados
pelo COI são pelo menos cinco vezes maiores que os de uma mulher biológica, é
importante lembrar).
Muitos homens e mulheres consideram a participação de Laurel
em competições olímpicas femininas um avanço no combate ao preconceito contra
pessoas LGBTQIA+. É um equívoco. Lauren está prejudicando também, diretamente,
as atletas lésbicas (o “L” da sigla) e bissexuais (o “B”), bem como as mulheres
que se encaixam nas letras “Q” (queer), “I” (intersexo) e “A” (assexuais). Está
prejudicando, por fim, as mulheres que se encaixam no “+” da sigla, isto é, na
pluralidade de orientações sexuais que elas são livres para escolher, como
adultas responsáveis.
Mas o discurso da lacração exige que a sociedade aceite
calada que não há diferenças entre mulheres e “trans” – mais que isso, que
aplauda e festeje quando um homem biológico conquistar uma medalha competindo
com mulheres no levantamento de peso. É o que acontece quando se estimula as
pessoas a acreditar que desejos são direitos, e que se dane a realidade: se eu
acredito que sou mulher, mesmo tendo nascido homem, eu sou mulher, e ai de você
se discordar de mim.
Evidentemente, isso é algo muito diferente de lutar por
bandeiras legítimas do feminismo - digo, das vertentes do feminismo que buscam
a igualdade de direitos entre os sexos, não a guerra entre os sexos. Porque
enquanto o feminismo, historicamente, reconhece a verdade óbvia de que homens
são diferentes das mulheres, o ativismo progressista-identitário que promove
episódios como o de Laurel Hubbard nega essas diferenças, já que transforma o
sexo em uma questão de escolha pessoal, sem qualquer base biológica.
É fácil prever que, quando Laurel Hubbard ganhar sua medalha
de ouro competindo com mulheres - e for felicitado com um mal disfarçado
constrangimento pelas mulheres que conquistarem as medalhas de prata e bronze -
haverá uma enorme comemoração na mídia lacradora. Locutores esportivos irão as
lágrimas diante dessa importante conquista. Mas o verdadeiro recado que Laurel
estará passando às mulheres de todo o planeta é: “Um homem é melhor que as
mulheres em tudo, até mesmo em ser mulher. Aceitem e batam palmas”.
Como isso pode contribuir para as lutas legítimas e
necessárias das mulheres? É um mistério para mim.
Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi.blogspot.com
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