Universidade de Stanford, na Califórnia (Foto:
Reprodução/Facebook)
Publicado originalmente no site da revista Época Negócios, em 22/03/2018
Como será a universidade do futuro
Henry Etzkowitz, pesquisador da Universidade de Stanford,
defende a integração entre governo, indústrias e instituições educacionais como
necessária para o fomento à inovação
Por Anselmo Penha
A universidade, no Brasil, tem um papel importante no
fomento à inovação. Com presença massiva entre as instituições nacionais com
maior número de depósitos de patentes no Instituto Nacional da Propriedade
Industrial, elas assumem papel de protagonistas no desenvolvimento de novos
produtos e ideias no país. Para Henry Etzkowitz, pesquisador da Universidade de
Stanford e presidente do International Triple Helix Institute, elas podem ser a
base para a criação de uma região inovadora, a exemplo do Vale do Silício. Para
isso, precisamos de universidades empreendedoras e da integração com governo e
indústrias.
Nesta quinta-feira (22/03), durante o Science meets Business
2018, organizado pela FEA/USP, Etzkowitz apresentou o conceito de hélice tripla
(triple Helix) como parte importante do processo de fomento à inovação em uma
região. Os membros da hélice são governo, universidades e o setor privado. Para
que haja essa integração, diz ele, são necessários governos inovadores,
indústrias high tech e universidades empreendedoras. Etzkowitz cita como
exemplos bem-sucedidos o MIT e a Stanford, referências em inovação e que contam
com iniciativas de incentivo à ciência e pesquisa.
Universidade do futuro
Três pontos definem para Etzkowitz como deverão ser as
universidades no futuro. Ele acredita em uma integração ainda maior entre os
membros da hélice tripla. As universidades
teriam uma nova estrutura, que uniria o ensino, a pesquisa e o
empreendedorismo.
As instituições educacionais também funcionariam como incubadoras,
recebendo incentivos governamentais e fazendo investimentos na criação e
acomodação de startups em busca de novas ideias. Hoje, já existem algumas
iniciativas como essa, além de programas de apoio ao empreendedorismo.
A Universidade de São Paulo, por exemplo, inaugurou em 1998
o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), que há quatro
anos tornou-se a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo, em
parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). “Nós
juntamos academia, empresa e sociedade do primeiro, segundo e terceiro setor”,
diz Sergio Risola, diretor do CIETEC.
É verdade que os centros de pesquisa já existem, mas eles
passarão a ser mais que laboratórios instalados e equipados dentro dos campi
universitários, segundo Etzkowitz. Eles serão híbridos e semelhantes às
incubadoras, pois comportarão academia, indústria e pesquisadores do governo.
Deles poderão sair grandes ideias que servirão às startups.
Já o ensino, razão pela qual nasceram as universidades,
continuará fundamental, mas a estrutura de transmissão do conhecimento e
formação dos profissionais tende a mudar. A interdisciplinaridade será
essencial na formação, diz Etzkowitz. “O ensino de conteúdos diferentes à
matriz principal do curso do estudante permitirá às universidades formar
profissionais mais preparados para o mundo”. As aulas, por sua vez, tendem a
ser virtuais, integrando presença online e offline.
Texto e imagem reproduzidos do site: epocanegocios.globo.com
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