Mario Vargas Llosa, em sua casa em Madri.
Foto: Samuel Sánchez
Publicado originalmente no site [brasil.elpais.com], em 12 de outubro de 2019
Mario Vargas Llosa: “Em nome da autodefesa se destrói a
democracia”
Nobel peruano volta ao grande romance com 'Tempos Recios',
que narra a conspiração dos EUA contra o Governo legítimo da Guatemala em 1954
Por Jesús Cerebio
A violência é a matéria-prima com a qual Mario Vargas Llosa
trabalha habitualmente, sobretudo em seus romances de caráter histórico. Na
América Latina não lhe faltam referências, mas ele mesmo acredita que a
Guatemala talvez seja o país que arrasta a história mais violenta. Com 70% de
população indígena perpetuamente marginalizada, uma tradição militarista
enraizada na Capitania Geral da época colonial e uma minoria rapaz que monopoliza
terras e minas, é o cenário no qual se desenvolve o novo romance de Vargas
Llosa: Tiempos Recios (“tempos duros”, lançado na Espanha pela editora
Manancial e ainda inédito no Brasil). A história transcorre justamente em um
dos breves períodos de sua história, em meados do século passado, em que um
militar levado à presidência por eleições livres tentou implantar uma
democracia moderna, ceifada por uma insurreição que a CIA orquestrou. Tudo isso
por inspiração da companhia United Fruit, que havia tido algumas terras ociosas
expropriadas pelo presidente Jacobo Árbenz e estava ameaçada de ter que pagar
impostos pela primeira vez. Passaram-se 65 anos, mas aqueles fatos às vezes
parecem um prólogo dos nossos dias.
PERGUNTA. O que levou seus passos à Guatemala, que não deixa
de ser uma espécie de canto geográfico da América?
RESPOSTA. Sim, está como à margem, mas a sua história é uma
das mais violentas da América Latina, se não a mais, e ao mesmo tempo é um país
muito bonito. Viveu um momento de grande brilho, que foi esse período em que se
situa o romance. A reforma que Árbenz tentou lhe deu um grande protagonismo. Eu
estava na universidade, recordo que acompanhávamos dia a dia o que ocorria na
Guatemala, porque havia ali, acredito que para muitos, um exemplo do que se
podia fazer no resto da América Latina, o que se tornou uma grande frustração
quando ocorreu a queda de Árbenz e depois o exílio.
P. Esse romance é uma espécie de justificação retrospectiva
de sua militância revolucionária juvenil?
R. Não, não. Este romance nasce de uma conversa que mantenho
há uns três anos na República Dominicana com um amigo, Tony Raful, que é
jornalista, historiador e poeta. Ele me disse: “Mario, tenho uma história para
que você escreva”. E eu disse: “Meu Deus! As histórias para que eu escreva eu
nunca vou escrever”. E me falou do envolvimento de Trujillo, primeiro na
rebelião de Castillo Armas e depois em seu assassinato. Ele mesmo publicou um
livro extremamente interessante, com documentos que me abriram uma perspectiva
nova sobre essa intervenção do trujillismo na América Latina promovida pela
CIA. Trujillo foi o instrumento que a CIA usou para fornecer dinheiro, armas e
inclusive soldados a Castillo Armas. Essa proximidade se rompe depois e se
tornam inimigos mortais, aparentemente porque Castillo Armas não cumpre nenhuma
das condições que Trujillo lhe tinha imposto para ajudá-lo, por causa da
desconfiança que lhe causava. Assim como se dava maravilhosamente com Somoza,
desconfiava de Trujillo como se a impetuosa personalidade deste fosse reduzir
seus poderes caso lhe desse muito espaço na Guatemala. Foram publicadas algumas
cartas que o embaixador enviava ao presidente dominicano e nas quais lhe conta
que Castillo Armas fala mal da família de Trujillo em suas bebedeiras. Isto
enlouquecia Trujillo, o transformava numa besta feroz. Então ele manda seu
assassino favorito, que é Johnny Abbes García, como adido militar para a
Guatemala, para que conspire. Na noite do assassinato, Abbes García escapa da
Guatemala levando com ele a amante de Castillo Armas. Isso é um fato fidedigno,
que está publicado. Qual foi realmente a implicação de Trujillo no assassinato?
Mandou matá-lo? Participaram Abbes García e a amante de Castillo Armas? Tudo
isso agora são especulações, mas é um dos temas que me fascinaram.
P. Precisamente a autoria do atentado é um fato que o
romance não termina de esclarecer.
R. Claro, não quero contradizer a realidade de maneira tão
visível, então deixei numa certa insolvência o que ocorre realmente a noite do
assassinato.
P. Um capítulo fascinante, sobretudo à luz da atualidade, é
esse prólogo em que Edward L. Bernays, um prodígio da propaganda a quem o
narrador qualifica de “titereiro genial”, convence a elite de Boston de que os
interesses da United Fruit são os dos Estados Unidos e que a recém-inaugurada
democracia da Guatemala os põe em perigo por sua dependência do Kremlin.
A história não está escrita. Quem imaginaria o fim do
comunismo ou que gente como Trump chegaria ao poder?
R. As fake news fazem um sucesso absoluto. Bernays, esse
sobrinho de Sigmund Freud que tem a ideia de que a publicidade será o principal
instrumento de poder no século XX, inventou que a Guatemala estava virando um
satélite soviético porque a URSS queria entrar na América Latina para se
apoderar do canal do Panamá. É uma fantasia delirante que contradiz o projeto
de Árbenz, que queria fazer da Guatemala um país moderno, uma democracia
capitalista. Quando distribui as terras a meio milhão de camponeses
guatemaltecos, busca uma forma para que eles fossem empresários privados dessas
terras, para que não fossem descapitalizados outra vez pelos latifundiários. É
uma das grandes injustiças históricas que este Governo democrático eleito em
eleições livres fosse derrubado por uma conspiração que o acusava de comunista.
P. Bernays explica em sua reunião com os potentados de
Boston que o amor desmedido do Governo guatemalteco pela democracia representa
um perigo para a United Fruit. E acrescenta: “Isso é bom de saber, mas não de
dizer”.
R. Ele tinha estreitíssimas relações com donos de jornais,
de rádios, de televisões, e as aproveitou para levar jornalistas à Guatemala,
um país realmente desconhecido. Leva jornalistas liberais do The New York
Times, The Washington Post, Time magazine, e lhes dá dossiês, e lhes apresenta
às pessoas adequadas. Assim vai surgindo essa mistificação de que a Guatemala
já é um satélite soviético. Quando não havia nem um só cidadão soviético,
porque a Constituição, dada por Árbenz e Arévalo, proibia relações diplomáticas
da Guatemala com países comunistas. Então, de repente, Árbenz encontra que lhe
montam uma revolução com seu próprio Exército, com as reformas com as quais
queria imitar e se aproximar dos Estados Unidos. Deve ter sido trágico para
ele.
P. O titereiro conseguiu seu propósito.
R. Sim, claro, era um publicitário. Li só o livro
Propaganda, que escreveu no ano de 28, que sustenta a tese, profundamente
antidemocrática, de que a publicidade prevalecerá sobre a verdade.
P. Pelo visto, acertou na época e pode acertar hoje.
R. É muito difícil hoje saber qual é a verdade, justamente
por essa revolução audiovisual que em muitos sentidos democratizou a
informação, porque todos somos informantes, mas ao mesmo tempo a abundância
cria confusão. Não é fácil se orientar entre verdades e mentiras. Mas a
democracia, que permite a diversidade jornalística, está mais bem defendida
contra as fake news que uma ditadura, onde só há uma voz, que é a voz do
governante.
P. Até que ponto esta superabundância de informação impede
que o cidadão discrimine entre verdades e mentiras?
R. Isso é verdade nos detalhes, mas não nas grandes
escolhas. Acredito que todo mundo tem muito claro que, com o Brexit, a
Inglaterra caiu num populismo lamentável, em um nacionalismo anti-histórico…
P. Mas a maioria dos britânicos votou a favor do Brexit.
R. Para minha grande surpresa, que achava que a democracia
britânica estava vacinada contra o populismo, mas me enganei.
P. Como a democracia convive com a mentira sistemática?
R. A mentira está sempre aí, mas nas sociedades livres se
pode combatê-la melhor graças à diversidade. Há jornais mais respeitáveis que
outros, porque são mais prudentes na hora de difundir fake news. Em uma
ditadura você está completamente perdido, só existe uma única voz que nos
incomunica com o resto do mundo, embora graças à revolução tecnológica isto
seja cada vez mais difícil. O que significa isso em última instância? Que temos
muitos problemas? Sempre tivemos. Mas o problema maior que a democracia teve
foi o comunismo, que seduziu milhões de jovens com a ideia de um paraíso nesta
terra. Isto desapareceu, o comunismo desapareceu, já não existe mais. Ou alguém
pode acreditar que a Coreia do Norte, ou Venezuela, ou Cuba, possam ser modelos
para o Terceiro Mundo?
P. E a China?
R. A China é um país capitalista, autoritário. Precisa de
liberdade, de livre concorrência, livre pesquisa. Sem isso é muito difícil que
continue prosperando. Claro, a China partiu de muito abaixo, e até agora
consegue manter o desenvolvimento com um regime autoritário, severo,
centralista. Mas vai chegar um momento em que essa burguesia, essas novas
classes médias, vão exigir mais liberdade. Isso está ocorrendo em Hong Kong
hoje em dia. Veremos o que ocorre no dia de amanhã quando a China chegar a esse
estado em que terá que escolher entre mais liberdade ou mais desenvolvimento.
P. O senhor se proclama um liberal otimista que assume a
frase de Popper de que a humanidade nunca viveu melhor…
R. Sim, tudo anda mal, mas nunca estivemos melhor. É uma
frase que ele pronunciou [em 1991] numa homenagem que lhe prestou a
Universidade Menéndez Pelayo.
P. Desde então ocorreram algumas coisas: os atentados das
Torres Gêmeas, essa guerra interminável no Afeganistão, a invasão do Iraque, a
catástrofe da Síria e uma crise econômica que se traduziu em um crescimento intolerável
da pobreza e da desigualdade.
Mario Vargas Llosa
R. Agora as coisas ocorrem em um plano internacional, e isto
faz que tudo pareça mais dramático. É verdade, um dos grandes problemas da
nossa época é o terrorismo. Entretanto, ele está ativado por grupúsculos de
fanáticos que não constituem uma ameaça real contra o desenvolvimento da
humanidade.
P. Mas têm um efeito nefasto na vida política.
R. Sim, estão empurrando muitos setores democráticos para o
autoritarismo. Em nome da autodefesa se destroem grandes valores da democracia.
Claro, é um dos perigos. Porém mais grave que o terrorismo islâmico é o
ressurgimento do nacionalismo, isso que acreditávamos extinto na Europa,
sobretudo depois das catástrofes das guerras mundiais. É o chamado da tribo, a
ideia de que no passado existiu uma sociedade homogênea onde todos se
entendiam, que é uma falácia, isso jamais existiu. A paranoia que existe hoje
em dia contra o imigrante é uma manifestação de racismo. E isso que antes era
malvisto agora deixou de ser. Os políticos inclusive podem falar contra a
imigração dessa maneira racista e preconceituosa. É um problema muito sério da
democracia.
P. A tal ponto que historiadores e cientistas políticos
rastreiam paralelismos entre este tempo e os anos trinta do século passado.
R. Sem dúvida há coincidências. Mas ao mesmo tempo existe a
experiência, e essa experiência faz que, apesar das barbaridades que diz Trump,
os EUA não estejam dando passos irresponsáveis ainda. Também a China e a Rússia
são muito prudentes na hora de passar aos fatos.
P. Um dos elementos menos tranquilizadores é o crescimento
da desigualdade econômica, a concentração extrema da riqueza, em um momento em
que a nova diretora-geral do FMI antevê mais tempos duros…
R. Há setores nacionalistas que numa situação assim
gostariam de se encerrar mais, porque acreditam que assim se protegem. A
globalização é uma realidade impossível de deter, a não ser que um país se
condene ao anacronismo absoluto. Isso é algo que pode fazer um pequeno país
como o Butão, que decidiu viver na Idade Média, mas não pode fazê-lo o resto do
mundo. A prosperidade exige ir dissolvendo as fronteiras. Mas não se deve ser
pessimista. Nunca soubemos de uma forma tão evidente que a história não está
escrita, que nós fazemos a história. Quem imaginaria que o comunismo iria
desaparecer? Quem imaginaria que gente como Boris Johnson ou Trump chegaria ao
poder? Ao mesmo tempo que ocorreram essas coisas, nunca houve na história
tantos países com Governos democráticos na América Latina. Democracias imperfeitas,
muito corrompidas, sem dúvida nenhuma, mas isso é preferível às ditaduras
militares que tínhamos de um confim a outro.
Fidel Castro procura a proteção da URSS em grande parte pela
derrubada de Árbenz. É o contexto da Guerra Fria
P. Por outro lado, na Europa, alguns países ex-comunistas
praticam isso que hoje se deu para chamar de democracia iliberal.
R. Hungria, Polônia… Seria o caso de pensar que a ocupação
soviética despertou neles um apetite por liberdade, mas evoluíram para um
nacionalismo extremo que pratica uma política anti-imigração claramente
racista. É um grande problema. Mas a Europa, que é provavelmente o mais
ambicioso dos projetos no Ocidente para integrar a países de línguas
diferentes, de crenças diferentes, de costumes diferentes em uma unidade
econômica e social, e amanhã política, vai prevalecer. É a boa direção da
história.
P. Voltando ao romance, Tiempos Recios enlaça diretamente
com A Festa do Bode, mas aparecem também muitos rastros de Conversa no
Catedral. Em geral, seus romances de base histórica têm um material básico que
é a violência política, que frequentemente se transfere com brutalidade para o
âmbito privado. A violência é a matéria-prima com a qual trabalha?
R. Sem dúvida, e provavelmente é assim porque nasci no Peru,
um país que esteve marcado pelas ditaduras. Comecei a pensar em um país que
vivia sob a ditadura de Odría, oito anos sinistros que puseram o Peru fora do
mundo. A vida política era proibida, política era palavrão, não havia liberdade
de partidos, havia uma censura muito rigorosa. Sabíamos que a imprensa nos
mentia, que a rádio nos mentia, não havia televisão, que as verdades tinham que
ser esquadrinhadas no fundo das notícias que circulavam. A repressão era
sistemática. Frequentei a universidade pública de São Marcos, que era um dos
poucos centros de resistência. Pertenço a uma geração que viveu essa violência.
Talvez isso me tenha feito ter tanta rejeição a esse aspecto tão compartilhado
na América Latina, o das ditaduras militares. Agora desapareceram, há ditaduras
ideológicas. Em Cuba, Venezuela, Nicarágua. Mas no resto há Governos
escolhidos, democráticos, bastante corruptos, sim. Acredito que a corrupção
seja um dos grandes problemas na América Latina.
P. Um dos personagens do romance conclui depois da derrocada
de Árbenz que a Guatemala retrocede a toda velocidade para a tribo. E se
pergunta: “Logo mais será restabelecida a escravidão?”. “Era isto o que os EUA
queriam, uma ditadura a serviço de latifundiários ambiciosos e racistas?”
R. Isso cria na América Latina um enorme desencanto com a
democracia, e faz que os jovens de várias gerações embarquem em aventuras
guerrilheiras imitando Cuba, pensando que a revolução comunista era a única
coisa que podia salvar o continente. E isso atrasa em 50 anos a evolução da
América Latina. A fascinação pelo modelo cubano começa de certa forma na
Guatemala.
P. Acredita que o golpe contra Árbenz transformou Fidel
Castro?
R. Se você lê a sua famosa defesa de quando o julgam pelo
ataque ao Quartel Moncada, A História me Absolverá, é um discurso
social-democrata, não é comunista, nem sequer socialista. A radicalização de
Castro, que o vai empurrando para o comunismo, vem em grande parte pelo
ocorrido na Guatemala. Che Guevara estava lá. Tenta chegar às famosas tropas
populares, que nunca existiram, e então termina asilando-se na Embaixada da
Argentina, porque se não o matariam. Mas o Che sai de lá convencido, e isso é
algo decisivo em sua influência sobre Castro, que se uma revolução quer
triunfar na América Latina primeiro tem que acabar com o Exército, que o
Exército é uma força hostil à revolução. E, segundo, tem que procurar o apoio,
a proteção, da União Soviética se quiser resistir a operações como a que
liquidou Árbenz. O contexto da Guerra Fria é muito importante para explicar a
mistificação extraordinária que houve nos EUA, tanto no Governo como na
imprensa, a respeito de Árbenz. Não teria ocorrido com Kennedy. Tampouco seu
predecessor, Truman, quis se envolver em uma ação armada na Guatemala.
Eisenhower, Nixon, os Dulles são os que compram a história inventada por esse
aventureiro prodigioso que é Bernays a serviço de uma companhia fruteira. As
mentiras se transformam em verdades, e os Estados Unidos apoiam a insurreição
contra um Governo democrático.
Os países que vão bem produzem uma literatura pobre. Os
novelistas suíços andam desesperados procurando catástrofes
P. A CIA já tinha ensaiado isso com sucesso um ano antes, no
Irã, com Mossadegh depois da nacionalização da British Petroleum.
R. Eles estavam muito encorajados pelo sucesso no Irã, e a
CIA aplicou o mesmo modelo à Guatemala. O que é muito interessante é que tudo
isso está denunciado por ensaístas e historiadores norte-americanos, que são os
que têm escrito as melhores coisas sobre Árbenz. A documentação da época
liberada pelo Departamento de Estado apresenta um espetáculo lamentável da
conduta da CIA durante esses anos.
P. Tiempos Recios é uma obra em que o malvado mais malvado é
realmente o protagonista do romance.
R. Os malvados têm um atrativo especial para os romancistas.
Se os malvados fossem eliminados, seria eliminada meia literatura europeia e
possivelmente meia literatura universal. Os malvados são muito mais
interessantes para a literatura que os bonzinhos. Os países que vão bem, que
progridem, onde há mais justiça social, produzem uma literatura muito pobre. Os
romancistas suíços andam desesperados procurando catástrofes.
P. O último diálogo do narrador com a Miss Guatemala na
Virgínia, 60 anos depois, parece a busca por um final feliz, ou pelo menos
amável, para uma história de resto terrível.
R. Queria envolver o narrador mais diretamente e contradizer
de alguma forma o pessimismo que esta história pode arrastar, pôr uma nota que
tivesse mais cor, que a aproximasse um pouco mais a este mundo, muito diferente
do daquela época. Não sei por que o escrevi, mas num primeiro momento tive a
ideia de que deveria haver um epílogo. Assim como havia um antes, que era a
história do publicitário e o dono da United Fruit, que houvesse um depois,
menos pessimista que o resto do romance. Ao final, não sei por que, mas concebi
o romance assim desde o princípio.
P. E é o personagem mais querido pelo narrador ao longo do
romance.
R. Sem nenhuma dúvida. O personagem de Marta Borrero é muito
misterioso. Desempenhou um papel muito importante, mas nunca se sabe com
certeza qual foi. Até que ponto chegou a ser tão influente como se acreditava,
e como se acredita ainda, ninguém sabe e provavelmente nunca saberá. É um
mistério que resta na história e estimula muito a imaginação dos romancistas.
Texto e imagens reproduzidos do site: brasil.elpais.com
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