sexta-feira, 1 de março de 2019

A história da cerveja: O papel da cerveja na história


Publicado originalmente no site UPPERMAG, em 12 de janeiro de 2017

A história da cerveja: O papel da cerveja na história

De Alexandre Abrahao 

 Quem não gosta de cerveja? Mas e a história da cerveja, você sabe? Nesse post vamos falar sobre a história da cerveja, passando pelos povos e civilizações antigas, Roma, os países e surgimento das principais escolas cervejeiras, o nascimento do mercado cervejeiro no Brasil e Estados Unidos. Confira!

> A origem da Cerveja: Como surgiu, quando foi descoberta

> Civilizações antigas e o pão-liquido

> Roma, Grécia e breja

> Lúpulo e a reinvenção da fabricação de cerveja: A ciência e as Lagers.

> A história nas principais escolas cervejeiras! República Tcheca, Alemanha, Inglaterra e Holanda.

> A cerveja nos Estados Unidos

>A história da cerveja no Brasil

A origem da Cerveja

Como surgiu a cerveja? Quando a cerveja foi descoberta?

Civilizações antigas e o pão líquido

A história do liquido sagrado é extremamente vasta, rica e fascinante. Seu início se deu por volta de 10.000 AC – logo após a última era glacial. O povo neolítico, que vivia na região hoje chamada Curdistão, localizado na Mesopotâmia, começou a usar a terra para o plantio para a agricultura (inclusive de cevada e trigo), havendo todos os ingredientes necessários para a produção de massa de pão e cerveja!


Daí é incerto o modo que foi descoberto pelos neolíticos o processo químico que dá origem a cerveja – pela conversão de amido para açúcar com o grão molhado. Provavelmente alguém esqueceu amido junto a água por alguns dias e resolveu provar da mistura algum tempo depois, tendo a sensação de EUREKA! Ocorreu o descobrimento da cerveja.

A primeira cerveja, ou ao menos as primeiras imagens e figurações da bebida como elemento ativo na sociedade surgiu por volta de 3.000 AC na região da Suméria – pelas imagens deixadas pela população, a cerveja, chamada kas, ou “o que a boca deseja”. A época já começaram a surgir variedades, devido a abundância e variedade de cevada do povo, que permitia a produção de cervejas vermelha, marrom e preta, algumas mais fortes outras mais fracas, e até mesmo cervejas diet. O curioso é que os responsáveis pela fabricação e venda de cerveja eram mulheres – e até mesmo o deus da cerveja, Ninkasi, era mulher.


O costume foi passado para outros povos da época que viviam em regiões próximos, como o povo da Mesopotâmia e Egito. Neste, haviam diversos pontos de encontro e fabricação de cerveja de grande porte, e por vezes próximos a templos. Há inclusive uma lenda do Egito Antigo em que Sekhmet, uma mulher com cabeça de leão, e deusa da destruição e do sangue, filha de Ra, grande deus egípcio, o qual via a decadência da humanidade pela falta de fé e reza pelos deuses, e então envia Sekhmet para ensinar uma lição à humanidade. Ela começa então a matar a população, e se continuasse poderia acabar com todos os humanos; então os humanos tem uma ideia, e produzem um liquido (cerveja) de coloração vermelha, que poderia confundir a deusa com sangue e distrai-la. Para finalizar, foi oferecido a deusa uma raiz que lhe colocou em sono profundo. No fim a cerveja salvou a humanidade e acalmou a deusa mais sedenta por sangue (mais um ótimo motivo para cerveja na sexta-feira).


Roma, Grécia e breja

Existem dados e evidências da importância da bebida para o povo da Africa, sobretudo no Sudão, e na Grécia. Durante o Império Romano, em que o vinho predominava, o Império passou a encontrar, conforme avançava ao norte da Europa, cada vez mais entusiastas de cerveja, em regiões em que o cultivo de uvas para o vinho não era favorecido pelas condições climáticas. Em Roma, a cerveja passa a ser associada com a Deusa Ceres, deusa da agricultura (sobretudo dos grãos e arvores que brotam), sendo homenageada na ciência como base para a denominação cientifica da levedura – Saccharomyces cerevisiae.

Já nessa época surge a distinção social entre os tomadores de vinho – classes mais abastadas – e tomadores de cerveja – classes menos favorecidas, estigma que ainda perdura.

Lúpulo e a reinvenção da fabricação de cerveja

A ciência e as Lagers

Mas somente em torno do ano 1.000 foi descoberto o tempero perfeito para a cevada – o lúpulo, em uma região ao norte do que hoje se conhece como Alemanha; o lúpulo, além de temperar e dar maior complexidade e variedade a cerveja, ainda é excelente agente bactericida – qualidade essencial a época. Por volta de 1.500 a cerveja já havia se disseminado por Inglaterra, Holanda e Alemanha.

Houve então um fato histórico-econômico que deu um grande boom para a cerveja, mudando seu valor social – a Revolução Industrial. A época a Inglaterra estava em grandes e constantes mudanças, com a recepção de matéria-prima até então inacessível para a produção do líquido. A época um malte de cevada escuro estava sendo produzido em abundância no país, se tornando o malte padrão dos ingleses, malte este que se tornaria base para o estilo Porter, malte este que pode ser submetido a grande variedade de temperaturas e potências, dando origem a cervejas de alto teor alcoólico e bastante fortes e propicias para guarda.

Mas foi somente a partir do século XVIII, com a invenção e desenvolvimento de equipamentos industriais, que o processo de fabricação de cerveja ganhou escala industrial. Equipamentos como o termômetro, hidrômetro, refrigeração, fermento e o processo de fermentação, propiciaram um gigantesco desenvolvimento para o “pão-liquido”


A invenção desses equipamentos propiciou o surgimento de um estilo de cerveja completamente novo, que séculos depois passou a dominar amplamente o mercado cervejeiro – as LAGERS, cervejas fermentadas a baixa temperadura. Diz a lenda que alguns monges da região da Bavaria na Alemanha começaram a produzir cervejas em frias cavernas no país, apesar de haver poucas provas em concreto do acontecimento.

Desenvolvimentos e conhecimento em ciências paralelas, como o progresso na microbiologia por Pasteur, e trabalhos com fermentos, deram o último empurrão para o fortalecimento das Lagers.

A história nas principais escolas cervejeiras!

República Tcheca, Alemanha, Inglaterra e Holanda


Eis que, em 1842, a República Tcheca deu sua grande contribuição para o universo! Na cidade de Plzen foi desenvolvido o estilo batizado com o nome da cidade – Pilsen. No local houve a combinação perfeita de timing, ingredientes, temperatura e tecnologia, com a Pilsen surgindo como evidência, e com o desenvolvimento de grande fábrica na cidade.

Paralelamente, a Bavaria se tornou parte da Alemanha em 1871, trazendo consigo a lei de pureza alemã – Reinheitsgebot – que passou a ser nacional 8 anos depois. Até a data a escola alemã era muito próxima a escola belga (método Ale e mistura de diversos aditivos/temperos à formula, como coentro, laranja e mel). Contudo, com a lei, que só permite o uso de 3 ingredientes (malte, lúpulo e água – posteriormente foi admitido as leveduras como 4 ingrediente), a escola Alemã precisou se readaptar, e encontrou na Republica Tcheca sua inspiração

Na Bélgica, as famosas lambics, ou cervejas fermentadas com leveduras selvagens e normalmente com sabores de frutas, já eram conhecidas e populares entre os camponeses no século XV e, ao contrário do que parece e é falado, as cervejas de estilos trapistas, como as Dubbels e Tripels só passaram a ser fabricadas e conhecidas no século XX.

A cerveja nos Estados Unidos

Para o novo mundo levou-se mais tempo para a produção e consumo de cerveja se consolidar. As razões eram diversas – necessidade de importação de malte, devido a sua má adaptação ao solo americano; por essa razão, e pela facilidade na produção de destilados, a cerveja passou séculos em segundo plano para os americanos (o consumo de destilados baratos, como rum e whisky era 10 vezes superior ao de cerveja em 1800!). O curioso é que diversas personalidades e políticos americanos já apostavam e tinham gosto pela cerveja, como George Washington e Tomas Jefferson (inspirações de Obama, que produz três tipos de cerveja artesanalmente na casa branca!). Somente com o avanço da imigração nos Estados Unidos de Europeus (sobretudo holandeses que foram para a Nova Amsterdam – New York) já acostumados e demandando pelo liquido sagrado, que a fabricação de cerveja no país teve um boom. Mas o mercado logo foi interrompido pela lei seca americana, falindo e fechando os cerca de 1300 estabelecimentos de fabricação de cerveja a época.

No momento pós proibição, ocorreu inicialmente o fortalecimento de cervejas do estilo Lite, com menor valor alcoólico e mais adequada e fácil de se tomar no dia a dia e, posteriormente, o forte incentivo e desenvolvimento de micro cervejarias, sobretudo de cervejeiros dispostos a arriscar e inovar fortemente na fabricação de cervejas, criando estilos e cervejas inéditos e inusitados.

A história da cerveja no Brasil

A cerveja é uma bebida muito consumida e presente no social do brasileiro, havendo relatos datados do século XVII. Ocorre que, tal qual nos Estados Unidos, tomou tempo para a bebida fermentada superar o consumo de destilados baratos e populares nacionais, como a cachaça.

O cenário começou a se alterar em torno de 1840, época da abertura dos portos para produtos estrangeiros e da primeira fábrica de cerveja brasileira – Ritter de Nova Petrópolis/RS. Em 1882 ocorreu a abertura da cervejaria que hoje é a maior do mundo, e de imensa relevância nacional – Cervejaria Antarctica – a primeira cerveja com maior enfoque no Branding e consolidação de marca.

Na mesma década, em 1888, um suíço amante de cervejas, de nome Joseph Villiger, cansado de cervejas de qualidade inferior produzidas no Brasil, deu origem a Brahma, que surgiu para rivalizar com a Antarctica.

A época foi de grande desenvolvimento e consolidação de marcas e fabricas no Brasil; marcas como a Brahma já haviam registrado ao menos 10 marcas e cervejas. Para se ter ideia do potencial do mercado, somente no Rio Grande do Sul haviam 130 cervejarias a data!

A rivalidade entre Brahma e Antarctica foi muito acirrada durante todo o século seguinte, com a consolidação das marcas e a aquisição de marcas menores e regionais por cada uma.

Mas em 1999 o universo cervejeiro recebeu notícia que alterou completamente seu mapa – a criação da AMBEV, maior grupo cervejeiro do mundo, através da união entre Antarctica e Brahma. Em 2004 outra surpresa, a união entre AMBEV e Interbrew, histórica empresa de bebidas belga, responsável por marcas como Stella Artois, Leffe e Becks, dando origem à INBEV.

Em 2006 a INBEV investiu forte no mercado chinês, maior mercado consumidor mundial de cerveja, adquirindo a Fujian Sedrin, terceira maior fabricante chinesa à época.

Eis que em 2008 a empresa dá sua última grande cartada – a união com a Anheuser-Busch, maior fabricante americana de cerveja, dona de marcas como Budweiser. E se consolida de vez como a gigante cervejeira do mundo, com share global da bebida em 25%.

Texto e imagens reproduzidos do site: uppermag.com

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