quarta-feira, 7 de março de 2018

Daniela Vega, a mulher trans e fantástica que fez história no Oscar 2018

A atriz Daniela Vega no tapete vermelho da 90ª edição do Oscar
em Hollywood & Highland Center, em Hollywood, na California.
FRAZER HARRISON/GETTY IMAGES

Daniela Vega como Marina, no longa 'Uma Mulher Fantástica'.
DIVULGAÇÃO

Daniela Vega, a mulher trans e fantástica que fez história no Oscar 2018

'Uma mulher fantástica', filme em que é protagonista, não só levou estatueta de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar. Fez história.

By Andréa Martinelli

A cerimônia do Oscar 2018 foi recheada de "primeiras vezes".

Daniela Vega, 28 anos, não só se tornou a primeira mulher transexual a apresentar um prêmio, como também assistiu ao cinema chileno fazer história: esta foi a primeira vez em que o país levou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro com o longa Uma Mulher Fantástica e a primeira vez em que um filme estrangeiro estrelado por uma atriz trans ganha em uma categoria.

Na cerimônia deste domingo (4), a atriz apresentou Sufjan Stevens, que subiu ao palco para interpretar a canção Mistery of Love, indicada ao prêmio da categoria e que faz parte da trilha do longa Me chame pelo seu nome, de Luca Guadagnino. "Muito obrigada por este momento", agradeceu Vega, ao subir ao palco.

Momentos depois, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, a atriz comemorou também a vitória do chileno Uma mulher fantástica, na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Esta foi a segunda vez em que o país latino-americano conseguiu uma indicação na premiação.

Em Uma mulher fantástica, dirigido por Sebastian Lelio, Daniela Vega interpreta Marina Vidal, uma jovem garçonete, que também é cantora, que se vê de luto pela morte de seu namorado e, ao mesmo tempo, vítima dos preconceitos da conservadora sociedade chilena.

"O que dá o brilho ao filme é o extraordinário retrato que Vega faz de Marina, uma jovem mulher trans que enfrenta uma intensa hostilidade social", classifica o jornal britânico The Guardian.

No passado, outros filmes sobre pessoas trans já venceram em outras categorias no Oscar: Clube de Compras Dallas (2015), que rendeu o Oscar a Jared Leto, A garota dinamarquesa (2016), que Alicia Vikander ganhou como melhor atriz coadjuvanete, Traídos pelo desejo (1992), que venceu na categoria de melhor roteiro, e Meninos não choram (1998), em que Hillary Swank ganhou como melhor atriz.

Mas esta é a primeira vez na história da premiação que um filme que conta a história de uma pessoa trans é, de fato, interpretada por uma pessoa trans, e não por um interprete cisgênero (pessoa que se identifica com o próprio gênero e sexo biológicos).

Além do Oscar, já em 2018, o filme levou o Goya (festival espanhol de cinema) como melhor filme iberoamericano. O longa, também já havia passado pelo Festival de Berlim, em 2017, onde levou o Prêmio Teddy e o Urso de Prata na categoria melhor roteiro.

"O filme está tentando fazer perguntas sobre tudo. Em que corpos podemos ou não habitar? Quais histórias de amor são válidas e quais não são? Por que certos grupos oprimem outros grupos e porque não estão dentro do que consideram normal?", disse a atriz em entrevista ao The Guardian.

Desde Transamerica (2005) até A garota dinamarquesa (2016), uma infinidade de filmes já buscou retratar a realidade trans, mas não deu lugar a atrizes e atores transexuais, de fato. E, por isso, o papel de Vega é tão importante. Ela disse à Vanity Fair:

"O fato de eu ser trans fornece ao roteiro e à narrativa um nível mais alto de verdade. Mas, mais importante, abre uma porta para o mundo do cinema que nunca antes havia sido explorado, porque eu sou uma atriz trans interpretando uma mulher trans".

Além de ser a Marina de Uma mulher fantástica, Vega é cantora lírica, defensora apaixonada dos direitos trans, frenquentou uma escola só para meninos na infância e, inicialmente, seria apenas conselheira no filme de Sebastian Lelio, não a protagonista. E, sim, Vega tem muitas ambições para sua carreira de atriz: e, sim, o espanhol Pedro Almodóvar está na sua lista de diretores.

"Eu gostaria de interpretar uma mãe ou uma mulher grávida. Meu corpo pode expandir porque eu gosto de desafios. Eu acho que eu poderia desempenhar papéis masculinos. Eu não me limito", disse à W Magazine.

Texto fotos e vídeo reproduzidos dos sites: youtube.com e huffpostbrasil.com

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