Doug Jones, à esquerda, e Sally Hawkins protagonizam a nova
(e exuberante) fantasia do diretor mexicano.
Doug Jones, ator frequente em produções de del Toro,
retorna em 'A Forma da Água'.
retorna em 'A Forma da Água'.
Del Toro no set de 'A Forma da Água': Mão na massa para
apresentar o melhor monstro possível.
apresentar o melhor monstro possível.
Zelda, amiga e colega de trabalho de Elisa, é vivida por Octavia Spencer.
Publicado originalmente no site Huff Post Brasil, em 01/02/2018
A Forma da‘ Água’, novo filme de Guillermo del Toro, é
‘antídoto para o cinismo’
Uma mulher, um anfíbio, uma história de amor — e 13
indicações ao Oscar
By Caio Delcolli
Elisa é uma mulher solitária que mora sobre um cinema e
trabalha de madrugada como faxineira em um laboratório secreto do governo
norte-americano. É o início dos anos 1960 e a Guerra Fria tensiona cada vez
mais ambos os lados da Cortina-de-Ferro; a União Soviética há pouco ultrapassou
os Estados Unidos na Corrida Espacial ao tornar Yuri Gagarin o primeiro homem a
chegar ao espaço sideral.
A personagem é muda e acompanha com olhos e ouvidos atentos
o que acontece ao seu redor. Não é diferente quando ela vê algo novo chegar à
instalação: um anfíbio humanoide com olhos curiosos e pele escamosa. Ele é
grotesco — e absolutamente fascinante.
Interpretada por Sally Hawkins, Elisa é a protagonista de A
Forma da Água (The Shape of Water, 2017), o novo longa-metragem de Guillermo
del Toro, resultado de uma ideia que o cineasta mexicano guardava consigo há 20
anos.
"Acho que o filme é muito bonito e está emocionalmente
ligado a mim", disse em entrevista ao Deadline. "Com alguma sorte, as
pessoas se ligarão a ele. Mas, demograficamente, vai ser mal interpretado. É um
antídoto para o cinismo — um filme de emoções que não se escondem. Será
comovente para algumas pessoas. Outras o acharão acanhado."
O diretor — também responsável pelo roteiro, escrito com
Vanessa Taylor (Game of Thrones) — disse isto porque Elisa se apaixona pela
criatura, vivida por Doug Jones. O relacionamento de ambos começa tímido. Ela
conquista a simpatia e a companhia do anfíbio ao levar ovos cozidos para ele
comer; Elisa o ensina a se comunicar pela linguagem dos sinais. Surge entre os
dois uma amizade pura, que logo dá sinais de estar se transformando em outro
tipo de relacionamento. No entanto, há fatores que podem impedi-los. A soma
deles todos aparece na figura do violento Coronel Richard Strickland (Michael
Shannon).
O militar, que capturou a criatura na Amazônia, recebe
ordens de seus superiores para dissecá-la e assim, talvez, os EUA conseguirem
alguma vantagem na Corrida Espacial. O cientista Robert Hoffstetler (Michael
Stuhlbarg) insiste no oposto: o anfíbio deve ser mantido vivo para continuar a
ser estudado.
Elisa, entretanto, discorda de todos. Ela elabora um plano
para retirar a cobaia de lá e, para isso, conta com a ajuda de Elza (Octavia
Spencer) e Giles (Richard Jenkins), uma colega de trabalho — que serve de
intérprete da linguagem dos sinais pela qual Elisa se comunica — e seu vizinho,
um ilustrador, respectivamente. São seus dois únicos amigos.
"O filme é sobre conectar-se ao 'outro'", afirmou
del Toro à NPR. "A ideia de empatia, de como nós precisamos uns dos outros
para sobreviver. E é por isso que o título original do roteiro que eu escrevi
era Um Conto de Fadas para Tempos Complicados." Não à toa, os únicos
amigos de Elisa são uma mulher negra e um gay que está no armário.
Para os fãs do prolífico diretor, a criatura de A Forma da
Água traz consigo uma narrativa à parte. O mexicano é chegado em monstros e
várias de suas obras, sempre de fantasia, terror ou ficção científica, os têm
como personagens que mostram sinais de humanidade tanto quanto, ou ainda mais,
que os próprios humanos — em muitos casos, elas estão em enredos que só
reforçam a conhecida aversão ao autoritarismo que o cineasta tem.
Ao vencer o Globo de Ouro de melhor direção poucas semanas
atrás, ele contou à imprensa que, em três momentos específicos de sua carreira,
teve sua "vida salva" por essas criaturas grotescas: além de A Forma
da Água, ele falava de O Labirinto do Fauno (2006), pelo qual foi indicado ao
Oscar de roteiro original pela primeira vez, e A Espinha do Diabo (2001), uma
história gótica de fantasma toda filmada em língua espanhola.
Durante toda sua carreira, seja no cinema, na televisão ou
na literatura, del Toro tem ajudado a manter viva a tradição de criaturas
fantásticas em histórias de ficção, com uma marca pessoal inconfundível.
"O que é belo para mim é que cada personagem [de A
Forma da Água] que tem o poder da fala tem problemas em se comunicar. E os dois
que não o tem — são mudos ou sem palavras — estão, na verdade, se comunicando
lindamente", explicou para a NPR.
Indicado ao Oscar em 13 categorias, incluindo melhor filme,
diretor e roteiro original, o escamoso conto de fadas do mexicano é um dos
concorrentes mais fortes deste ano. A promessa é que vença a rodo, uma vez que
tem faturado os troféus mais importantes da temporada, como o Globo de Ouro de
direção e o prêmio de melhor filme do Sindicato dos Produtores (PGA). Se
vencer, 25 anos de monstros mágicos subirão no palco do Dolby Theatre, em
Hollywood, para pegar o que merecem.
A Forma da Água estreia nesta quinta-feira (1). Tem 123
minutos de duração, classificação indicativa 16 anos e distribuição da Fox.
Indicações ao Oscar:
Filme (del Toro e J. Miles Dale);
Direção (del Toro);
Roteiro Original (del Toro e Vanessa Taylor);
Atriz (Hawkins);
Atriz Coadjuvante (Spencer);
Ator Coadjuvante (Jenkins);
Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat);
Fotografia (Dan Laustsen);
Figurino (Luis Sequeira);
Edição de Som (Nathan Robitaille e Nelson Ferreira);
Mixagem de Som (Christian T. Cooke, Glen Gauthier e Brad
Zoern);
Montagem (Sidney Wolinsky);
Design de Produção (Paul D. Austerberry, Shane Vieau e
Jeffrey A. Melvin).
Já venceu:
Globo de Ouro — Melhor Direção e Melhor Trilha Sonora;
Critics' Choice — Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor
Trilha Sonora e Design de Produção;
Sindicato dos Produtores (PGA) — Melhor Filme;
Festival de Veneza — Leão de Ouro e Melhor Trilha Sonora;
American Film Institute (AFI) — Filme do Ano
Outros filmes dirigidos e escritos por del Toro:
A Colina Escarlate (2015);
Círculo de Fogo (2013);
Hellboy II: O Exército Dourado (2008);
O Labirinto do Fauno (2006);
Hellboy (2004);
Blade II — O Caçador de Vampiros (2002);
A Espinha do Diabo (2001);
Mutação (1997);
Cronos (1993).
Ele também é roteirista da trilogia O Hobbit (2012–2014), de
Peter Jackson, e cocriador das séries Caçadores de Trolls (Netflix) e The
Strain (FX).
Texto fotos e vídeo reproduzidos dos sites: huffpostbrasil.com e youtube.com
Não é um dos meus gêneros preferidos, mas a historia foi muito interessante. Michael Shannon fez um ótimo trabalho no filme. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores filmes de ficção acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.
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