Publicado originalmente no site da revista Época Negócios, em 26/01/2018
Os segredos para ter uma vida longa e feliz, segundo Dan
Buettner
Pesquisador foi descobrir o que as pessoas que vivem em
cidades com alto índice de longevidade têm em comum. Spoiler: não tem a ver com
as idas à academia
Por Barbara Bigarelli
O que faz uma pessoa viver até os 100 anos não é a
quantidade de vezes que ela foi à academia durante a vida, as promessas que fez
ou alguma drástica mudança de estilo de vida. O maior influenciador é, na
realidade, o meio onde elas vivem e a forma como interagem com ele. Quem
garante é Dan Buettner, escritor, pesquisador e colaborador da National
Geographic. "Não importa onde você vá no mundo, verá pessoas muito velhas
vivendo. E muitas parecem nem ter feito esforço para isso. A longevidade
simplesmente aconteceu para elas", disse, durante palestra realizada nesta
sexta-feira (26/01) no Fórum Econômico Mundial.
A curiosidade sobre essas comunidades com altos índices de
longevidade levou Buettner a empreender uma ampla pesquisa que virou capa
premiada da National Geographic: "The Secrets of Living Longer".
Buettner foi atrás do segredo que envolvia cidades como: Okinawa (Japão), onde
há um número expressivo de idosos com mais de 100 anos; Sardenha (Itália), onde
foi registrada a porcentagem mais alta de longevidade jamais documentada;
Nicoya (Costa Rica) e Loma Linda (Califórnia), onde as pessoas vivem oito anos
a mais que a média dos americanos.
A pesquisa de Buettner apontou cinco características comuns
na rotina relacionadas ao meio ambiente e ao modo como as pessoas vivem nessas
cidades. Os habitantes delas costumam comer de forma inteligente,
alimentando-se de cereais integrais, verduras, amendoins e feijão. Eles também
fazem várias atividades diárias a pé, como ir à escola ou ao mercado, ao invés
de ir à academia e ficar por lá "20 minutos queimando calorias". Eles
têm jardins, realizam atividades manuais e costumam fazer as tarefas domésticas
sozinhos (sem ajuda de alguém), além de ter um senso de propósito naquilo que
fazem e interagir em comunidade.
Viver muito — e feliz
Buettner buscou medir o nível de felicidade durante sua
pesquisa. Para isso, criou critérios como satisfação de vida (escala 1 a 10),
propósito e emoções diárias (quanto você sorriu hoje, estressou-se ou ficou
preocupado). "São estimativas, porque nós só lembramos de uma pequena
porcentagem do que acontece nas nossas vidas todos os dias. Tendemos a guardar
os pontos altos e baixos e não, por exemplo, aquilo que almoçamos há duas
semanas", diz Buettner.
O país mais feliz do mundo, segundo o estudo, não é o Butão,
o Japão ou algum nórdico. Na realidade, foi Cingapura. O crescimento econômico
da última década teve papel essencial nessas conquistas, de acordo com
Buettner, mas foi outro fator que influenciou mais: a arquitetura da cidade.
Concebida em grande parte pelo premiado arquiteto Liu Thai Ker, Cingapura
valoriza a "segurança, harmonia e respeito", segundo análise de Buettner.
A cidade-Estado também prioriza a livre circulação de
pessoas, bem como a diversidade. "O projeto não criou guetos para abrigar
as várias etnias que vivem em Cingapura, como os chineses e malawis. Pelo
contrário, fez com que todo mundo vivesse junto", diz o pesquisador.
Um homem que assistia à palestra, nascido em Cingapura,
questionou Buettner afirmando que o país não era tão cor de rosa assim e que
havia muitos problemas e desigualdades. "Cada país tem seus problemas,
sempre. E é natural do ser humano falar do copo mais vazio. Na mídia, vão
sempre ser destacados os problemas. Mas, na minha pesquisa, os índices de
satisfação de vida relatados foram bem altos", respondeu o pesquisador.
Buettner também destacou os níveis de felicidade em Aarhus
(Dinamarca), pelo alto nível de igualdade, tolerância e confiança, e em Nicoya
(Costa Rica), pelo alto índice de "emoções diárias".
O que fazer
Nem todo mundo pode se mudar para os locais que Buettner
citou. Mas há pequenas ações que podem ajudar as pessoas a melhorar o ambiente
em que vivem e, assim, serem mais felizes. Para o pesquisador, o índice de
satisfação de vida está estritamente ligado à segurança financeira, para poder
garantir as necessidades básicas (como moradia, alimentação, educação e saúde)
e certos confortos.
É preciso também se cercar de pessoas felizes. Os amigos,
diz, fazem uma enorme diferença. Além disso, cultivar a vida em comunidade
garante maiores níveis de satisfação. "Um estudo com as comunidades
consideradas mais felizes dos EUA mostrou que lá viviam pessoas que tinham
fácil acesso à recreação, movimentavam-se a pé ou de bicicleca e interagiam
umas com as outras", afirma Buettner.
Texto e imagem reproduzidos do site: epocanegocios.globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário