Foto: Jhully Brunhera dos Santos.
Publicado originalmente no site da Gazeta do Povo, em 25/08/2016.
Educomunicação: o que é isso?!
Por InstitutoGRPCOM
Quando digo que trabalho com Educomunicação, inevitavelmente
vem a pergunta “E o que é isso?”. As respostas variam, mas geralmente giram em
torno do “usar a comunicação para ensinar e aprender sobre direitos humanos,
participação social, cidadania…” e por aí vai.
Para os que gostam de um pouco de história, a Educomunicação
começou a aparecer em textos e documentos na década de 1980. Na América Latina,
teve seu surgimento associado principalmente a projetos de instituições
religiosas, organizações não governamentais e movimentos sociais, além de ter
sido objeto de estudo no campo acadêmico (como na pesquisa Perfil do
Educomunicador, do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, feita no fim dos
anos 1990).
Em termos conceituais, a Educom visa o planejamento e a
implementação do que o teórico Ismar Soares chama de “ecossistemas
comunicativos abertos e criativos”, que possibilitem a expressão e troca de
ideias entre diferentes membros da comunidade (seja ela a escola, a família, o
bairro etc.). Em linhas gerais, toda a iniciativa em educomunicação busca
incentivar o diálogo, a colaboração e se baseia no entendimento de que todos
podem ensinar e ser ensinados, dentro e fora da escola. E a comunicação aparece
como principal engrenagem para o aprendizado de todos, já que sem ela não há
compartilhamento nem construção coletiva dos saberes.
Hoje reconhecida enquanto política pública na cidade de São
Paulo (por meio da Lei municipal nº 13.941/2004), a Educom carrega diversas
possibilidades de interação com temas como o direito humano à comunicação
(noção que engloba o direito à liberdade de expressão, o direito de acesso à
informação e, de maneira mais abrangente, a representatividade de grupos
historicamente excluídos e discriminados na produção de comunicação),
democracia participativa, meio ambiente e (de novo) por aí vai. Mas para não
ficar só no mundo abstrato das ideias, que venham os exemplos práticos:
Educom é montar uma rádio comunitária na escola que seja
pensada por estudantes e professores em conjunto. É sugerir que adolescentes
saiam pelo bairro à procura de figuras conhecidas, as entrevistem e depois
escrevam um relato dessa experiência (liberdade poética também é importante
aqui). É fazer uma saída fotográfica para o centro histórico da cidade, ter uma
aula de História lá e depois selecionar as melhores fotos e publicar no
jornalzinho da escola. É trazer os vídeos e programas favoritos da gurizada
para debater… qualquer tema e ainda de quebra instigar críticas ao modelo e
linha argumentativa apresentados no produto audiovisual. É sair do modelo de
educação verticalizado (no qual o professor é visto como único detentor da
palavra, enquanto os demais se limitam a escutar e fazer anotações) para
construir e (melhor ainda) desconstruir noções coletivas do que é socialmente
aceitável ou não.
*Artigo escrito por Paula Nishizima, jornalista e
educomunicadora do coletivo Parafuso Educomunicação. O Parafuso Educom é colaborador
voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
Texto e imagem reproduzidos do site: gazetadopovo.com.br
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