Texto publicado originalmente no site Huffpost Brasil, em 19/06/2017.
O que Pabllo Vittar pode nos ensinar sobre beleza para todos
A drag queen busca um mundo em que a beleza não tem padrões
- e todo mundo pode se sentir lindo.
"Pra quem, não me conhece: Prazer, eu sou Pabllo Vittar
e você não vai me esquecer."
Em um de seus vlogs, é assim que a drag queen Pabllo Vittar
se apresenta durante um show em Brasília. De fato, é impossível conhecer a
cantora e esquecê-la: ela é do tipo que marca presença. Senão pela atitude
incrível, então pelos seus looks marcantes e maquiagens impecáveis.
A carreira de Pabllo foi catapultada em 2015, depois que ela
fez uma versão brasileira da música Lean On, do Major Lazer, (chamada 'Open
Bar') e desde então se tornou um marco na música pop brasileira. Mais do que
isso, porém, a cantora promete ajudar na construção de um novo mundo, como uma
pessoa que não quer se identificar pelo gênero e, muito menos, pela sua
orientação sexual. O nome masculino para uma persona feminina é um dos seus
imperativos.
Quando mais nova, Pabllo chegou a ganhar alguns concursos de
beleza. Mas a primeira drag queen a aparecer em um folheto da Avon explica que
representatividade é fundamental para que as pessoas entendam que são bonitas à
sua própria maneira.
"Os meus ícones sempre foram os ícones femininos. As
mulheres que estavam nas revistas... E hoje, ver uma mulher como a [cantora]
Iza na capa da Avon, a gente em um encarte, uma drag... Eu fico muito feliz
porque nós estamos chegando em espaços que nem eu mesma acreditava que pudesse
chegar", disse Pabllo ao HuffPost Brasil.
A maior felicidade que uma pessoa pode ter é a autoaceitação.
Representatividade e beleza podem parecer assuntos
distintos, mas são totalmente correlacionados. O padrão de beleza tal como o
conhecemos define que mulheres brancas, loiras, altas e magras são bonitas - e
todas as outras caem no espectro de 'feias'. Mas quanto mais mulheres de
corpos, raças, tamanhos e estilos são vistas na mídia, mais as pessoas entendem
que o que é bonito não pode ser definido em padrão. Isso aumenta a autoestima
de maneira generalizada; afinal, cada pessoa se verá representada.
Para a cantora, é por isso que representatividade é
essencial; é uma ferramenta necessária para que as pessoas parem de se esconder
e sintam que são donas dos lugares em que estão tanto quanto as outras - é o
fim da inadequação. A aceitação vem logo em seguida. É se aceitando que elas
percebem que não podem medir a si mesmas de acordo com os termos de outra
pessoa, mas apenas de si mesmas.
"A minha mãe sempre me abraçou. Eu nunca precisei me
assumir para ela, ela sempre soube o que eu era e abraçou o ser que eu sou... A
maior felicidade que uma pessoa pode ter é a autoaceitação. A pessoa se
aceitar, saber quem ela é no mundo, saber que ela pode sim ser quem ela quiser,
como ela quiser, vestir a roupa que ela quiser usar...", completa Pabllo.
A gente só quer amar e ser amado e amar quem a gente quiser.
A relação de beleza com amor próprio é intrínseca: é
praticamente impossível uma mulher acreditar que é bonita se ela não gosta de
si mesma - a imagem no espelho será sempre distorcida e em falta. Porém, o que
Pabllo nos ensina não é apenas sobre aceitação de si mesmo, mas sim que a
beleza não é algo exclusivo de algumas pessoas, mas um direito de todos. Isso
porque o que todo mundo quer é muito parecido também.
"A gente só quer amar e ser amado, e amar quem a gente
quiser, e ser respeitado nos nossos lares, nossos meios. Eu acho que isso é um
direito nosso", disse. Portanto, não interessa se um homem ama usar
maquiagem com glitter ou se uma mulher é fã do look tradicional masculino - nos
dois exemplos, vemos apenas pessoas que seguem em busca desse mesmo amor que
Pabllo defende.
Apesar de já ter comentado em outras entrevistas que não se
vê como um exemplo (mas sim como alguém que as pessoas olhem e digam 'ela me
representa'), a cantora brasileira está se tornando uma referência de beleza.
Sempre muito bem produzida, defendendo um espaço para todos e trazendo mais
visibilidade para a comunidade LGBTQ+, além de criar músicas que se
transformaram em verdadeiros hinos da noite, ela tem mostrado que o que é
bonito só depende de uma coisa: amor próprio.
E com amor próprio funciona assim: quem tem sabe que é
lindo. Quem não tem, sabe que precisa ter para se olhar com mais carinho na
próxima vez que encontrar com o espelho.
Texto reproduzido do site: huffpostbrasil.com
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