Alguns especialistas acreditam que robôs podem substituir
humanos em determinadas tarefas.
humanos em determinadas tarefas.
Imagem: Reuters.
O robô Baxter foi criado para trabalhar na linha de produção.
Imagem: Rethink Robotics.
A empresa japonesa Kokoro criou um robô-recepcionista para escritórios.
Imagem - Getty.
Publicado originalmente no site da BBC, em 30 junho 2014.
Robôs x empregos: a automação vai fechar mais vagas do que
criar?
Rob Crossley.
Especialista em Tecnologia.
Carros que dirigem sozinhos, serviços de entregas feitos por
robôs, softwares cuidadores de idosos e "serpentes" cirurgiãs. A
automação promete ganhos milionários para as empresas do setor, mas o que
acontece com as pessoas que executam as mesmas tarefas que esses robôs? A nova
tecnologia vai ajudá-los a trabalhar de forma mais eficiente ou vai colocar
seus empregos em risco?
A discussão ainda é polêmica entre acadêmicos, com alguns
convictos de que passar o trabalho para as máquinas aumentará o desemprego,
enquanto outros acreditam que a automação vai trazer prosperidade.
Bob, por exemplo, é um guarda de segurança robô que patrulha
o local de trabalho, monitorando as salas em 3D e relatando anomalias.
Ele é fruto da imaginação de cientistas da Universidade de
Birmingham, que insistem que a máquina irá "apoiar os seres humanos e
aumentar as suas capacidades", apesar das preocupações de que a tecnologia
poderia, eventualmente, substituir os agentes de segurança humanos.
O Exército dos Estados Unidos, por sua vez, está analisando
a substituição de milhares de soldados por veículos de controle remoto para
tentar evitar cortes radicais de tropas.
Ascensão dos robôs
Carl Frey, pesquisador da Universidade de Oxford que estudou
a ascensão de trabalho computadorizado, ganhou as manchetes quando previu que a
automação colocaria até 47% de empregos americanos em "alto risco".
Sua previsão foi atacada como sendo exagerada por Robert
Atkinson, presidente da Fundação Tecnologia da Informação e Inovação, com sede
nos Estados Unidos.
Mas Frey mantém sua previsão, insistindo que o número não é
tão chocante quando se considera que o processo pode levar duas décadas.
Os dois discordam sobre os números, mas concordam que mais
máquinas estão chegando ao local de trabalho.
No ano passado, o número de robôs industriais vendidos no
mundo atingiu um recorde de 179 mil, de acordo com a Federação Internacional de
Robótica.
Alemanha, Japão e Estados Unidos tornaram-se grandes
investidores em tecnologia automatizada, mas há sinais claros de intensificação
do uso de máquinas mesmo em países onde o trabalho fabril, que costuma ter
salários baixos, é comum.
A China, por exemplo, se tornou no ano passado o maior
comprador mundial de robôs industriais. E, de acordo com Frey, as máquinas
estão entrando na Índia também.
"A Nissan usa robôs industriais para a produção de seus
carros no Japão", diz ele, "mas nós já estamos vendo exemplos do
mesmo tipo de empresas tornando-se automatizadas na Índia."
Empresas em todo o mundo estão investindo em tecnologias que
podem automatizar uma nova gama de postos de trabalho.
Na Alemanha, por exemplo, a empresa de robótica Kuka está
testando uma câmera de TV sem cinegrafista para transmissão ao vivo que promete
oferecer uma imagem livre de trepidação. A BBC já usa um sistema de câmera
robótica diferente em seus estúdios.
Enquanto isso, no Japão, a fabricante de robótica Yaskawa
produziu uma robô de dois braços que pode montar produtos em linhas de produção
com destreza semelhante à humana.
A Foxconn, uma montadora de iPhones com base na China que
emprega mais de um milhão de pessoas, disse à BBC que está investindo em
tecnologias de automação para ajudar a absorver sua intensa carga de trabalho.
Mas não são apenas as máquinas físicas que estão em ascensão
- software "bots", que simulam ações humanas repetidas vezes, também
estão remodelando o local de trabalho.
Em março, o Los Angeles Times publicou automaticamente uma
notícia de última hora, graças a um algoritmo que gera uma pequena reportagem
quando ocorre um terremoto.
E o aplicativo de chamada de taxi Uber, tem a vantagem sobre
os concorrentes de combinar automaticamente carros vazios com passageiros sem a
necessidade de operadores humanos.
Travis Kalanick, fundador do Uber, já afirmou que poderá
reduzir os custos ainda mais quando substituir a frota por veículos sem
condutor.
Empregos 'em risco'
Frey diz que o desenvolvimento tecnológico só vai acelerar
nos próximos anos.
Seu estudo de 2013 descobriu que, de uma amostra de 702
ocupações, quase metade corria o risco de ser informatizada.
Alguns trabalhos, como dentista, dependem de capacidade de
diagnóstico avançada e, assim, são menos suscetíveis de substituição por uma
máquina. Também são seguras profissões como treinadores esportivos, atores,
trabalhadores da área social, bombeiros e, mais obviamente, padres.
Mas datilógrafos, agentes imobiliários e vendedores estão
entre as ocupações consideradas com alta probabilidade de automatização no
futuro, afirma.
"Fiquei um pouco surpreso quando chegamos ao número de
47%", ele disse à BBC.
"Mas a linha entre o homem e a máquina está se tornando
cada vez mais tênue. Estamos vendo alguns trabalhos que já foram automatizados,
mas ainda não na dimensão em que acreditamos que eles estarão nas próximas
décadas."
Anos de expansão
O professor Atkinson observa que há "um verdadeiro
temor de que nós estejamos rumando para a automatização de tanto trabalho que
não haverá mais nada para as pessoas fazerem". Ele diz acreditar, no
entanto, que essas preocupações sejam exageradas.
"Nossas estimativas internas são de que, na melhor das
hipóteses, um terço dos empregos atuais poderia ser automatizada com a
tecnologia existente hoje."
"Mas um dos erros que as pessoas fazem nesta teoria é
que não fazem qualquer distinção entre as funções e os empregos."
"Uma máquina pode fazer uma determinada função, mas os
trabalhos da maioria das pessoas envolvem várias funções diferentes. Você não
pode automatizar todas as tarefas com uma única máquina."
Ele acrescenta que a automação só irá melhorar a vida das
pessoas: "Meu argumento é que quando uma empresa reduz os custos, a
receita extra irá inevitavelmente voltar para os acionistas e empregados. Isso
aumenta os gastos do consumidor e cria mais empregos."
Frey concorda que tal cenário utópico é possível, mas
argumenta que as empresas devem se planejar com antecedência para alcançá-lo.
"Os últimos 20 anos nos ensinaram que alguns locais se
adaptaram bem à revolução do computador e alguns não."
"Muitos estudos têm mostrado como os computadores
substituíram o trabalho em muitas das antigas cidades industriais, mas, ao
mesmo tempo, esses computadores têm criado uma série de ocupações em outros
lugares."
"Alguns prosperam com as mudanças, e outros não. Tudo
depende de como você se adapta."
Texto e imagens reproduzidos do site: bbc.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário