Publicado originalmente no site da revista Status, em 23/06/2015
Nanda Costa
Bem reservada quando se trata de sua vida pessoal e sem
pudores quando se joga de cabeça em um trabalho, a atriz não se deixa prender
ao rótulo de símbolo sexual, mesmo com todas as curvas que exibe na telinha, na
telona e aqui em nossas páginas.
Fotos André Nicolau - Texto Piti Vieira - Edição Ariani
Carneiro.
Uma inquietação domina a alma de Nanda Costa, 28 anos, e faz
com que ela se sinta livre para experimentar. Sua arte, a interpretação, a leva
a investir onde ela deseja: cinema, TV, teatro, circo e até na música. Se Nanda
diz que pode e coloca na cabeça que quer, vai até o fim sem medo de errar. E
sempre foi assim. Quando criança, Fernanda Costa Campos Cotote, seu nome
completo, não tinha medo de trocar seus amigos pelos irmãos menores deles, só
porque estes eram os únicos que aceitavam brincar com ela em sua “escolinha” de
teatro, no andar de cima do restaurante de sua mãe, em Paraty (RJ), onde ela nasceu.
Anos depois, quando fazia um curso na Escola de Atores Wolf Maya, a morena de
1,64 metro impressionou tanto o diretor global com sua força dramática que ele
a convidou para um teste da novela Cobras & lagartos. Aos 19 anos, ela
adotava o nome artístico Nanda Costa e iniciava uma trajetória profissional que
só pode ser classificada como meteórica. Hoje, seu currículo conta com outras
quatro novelas (Viver a vida, Cordel encantado, Salve Jorge e Império), um
especial (Por toda minha vida, em que fez uma elogiadíssima encarnação da
cantora Dolores Duran), três seriados (Ó Paí, ó, Clandestinos, Amor em 4 atos)
e atuações consagradoras nos filmes Sonhos roubados (prêmio de melhor atriz nos
festivais do Rio e de Biarritz) e Febre do rato (melhor atriz em Paulínia).
Agora, depois de ter conquistado o País, Nanda investe em
sua voz no coletivo Batida Nacional, que une diferentes vertentes da MPB a uma
pegada eletrônica, e é liderado pelo DJ Fernando Deeplick, que já produziu
medalhões da música como Shakira, Ricky Martin, Ben Harper, Roberto Carlos,
Marisa Monte, Seu Jorge e Lulu Santos, e pela percussionista Lan Lan, que tocou
ao lado de Cássia Eller. Mesmo sem experiência no ramo, Nanda convidou-se para
fazer parte do projeto e está à vontade. “Não sei cantar nem tocar
profissionalmente, mas vou brincando”, diz ela, que participou de um coral
quando era pequena, gosta de dizer que preferia o violão ao videogame na
infância e é dona de uma coleção com cerca de 500 vinis. “Eu faço quatro ou
cinco personagens por apresentação: Dolores Duran, um mano do rap, uma funkeira
– adoro funk –, leio alguns textos, sempre em cima da batida”. Presença de
palco ela tem.
Eu ia perguntar se você estava de férias depois que acabaram
as filmagens de Império, mas soube que está fazendo um filme.
– Sim, estou em É Carnaval, do Paulo Fontenelle, em que
interpreto uma porta-bandeira. Durante o desfile da escola de samba, o pai
dela, que é compositor dessa escola, passa mal e é internado. Ela começa a
entrar em um conflito se vai desfilar ou não, e acaba conhecendo o amor da vida
dela, que é o médico que está salvando a vida do pai.
Você foi nova para São Paulo. Por que a capital paulista e
não o Rio? Você não pensava em ser atriz nessa época?
– Sim, eu fui para São Paulo para estudar para ser atriz e
completar o ensino médio. Eu tinha 14 anos na época. Eu queria ir para o Rio,
mas minha mãe achou que eu fosse ficar na praia o dia inteiro. Ela tinha essa
preocupação, embora soubesse que eu era determinada e focada. Minha tia morava
em São Paulo e fui para lá, para ela ficar de olho em mim. Só que seis meses
depois que eu cheguei, ela morreu num acidente. Eu nunca fui muito da bagunça,
era corretinha, tirava boas notas e não queria perder a chance que minha mãe
tinha me dado de poder estudar fora. Então fui morar em um pensionato de
freiras. Eu não podia vacilar, senão minha mãe me levava de volta para Paraty.
Como você trabalha a vaidade? É difícil controlar o ego?
É para todo mundo, acho. Mas é como se cobrasse mais das
minhas personagens do que de mim. Por exemplo: se uma personagem precisa que eu
seja vaidosa, vou fazer isso por ela. Agora, se a Nanda quer estar de um jeito,
vai ter que esperar. A minha vaidade está totalmente na personagem, em fazer o
trabalho bem feito, com dignidade, com verdade, com coerência.
Você teve que malhar para interpretar a Tuane, de Império.
Continua no pique?
– Comecei a treinar pela Tuane e hoje em dia não abro mão.
Me faz bem. Meu treinador, o Jun Igarashi, é incrível. Ele desenvolveu um
método próprio, uma mistura de levantamento de peso, kettlebell (peso em forma
de uma bola com alça) e correção de padrão de movimento. Tem uma galera da
Globo treinando com ele.
O título de símbolo sexual é bom ou te incomoda?
– Nunca penso nisso. Na rua eu escuto: “nossa, como ela é
pequenininha, achei que fosse um mulherão”. Então não fico presa a esse padrão,
mesmo que achem e me coloquem nesse lugar. Vivo a vida do jeito mais simples
possível. Gosto de ficar em casa, andar de bicicleta, de caminhar, ouvir
música, encontrar os amigos, ir a um boteco – mas também vou a restaurantes
legais.
Você é bem reservada em sua vida pessoal. Ser uma
celebridade te incomoda?
– Eu preservo muito a minha vida íntima. Eu curto isso. Eu
entendo o assédio quando se faz uma novela, como o que eu tive com a Morena, de
Salve Jorge, e isso te mostra como as pessoas realmente confundem a personagem
com o ator. Se ficar só nessa diferença, acho muito legal. Agora, quando é uma
curiosidade absurda em cima da sua vida, quando isso fica maior ou mais interessante
que o trabalho, da arte que você está fazendo, da história que se está
contando, isso me deixa incomodada. Aí, sim, você se torna uma celebridade sem
querer ser uma. Tento ser o mais discreta possível. Quero que as pessoas vejam
mais os meus personagens. Nunca tive o desejo de ser famosa, mas de ter um
trabalho reconhecido.
Mas você deixa de fazer algo por conta do assédio?
– Não. Vou a todos os lugares. Sou supertranquila, ando de
chinelo na rua, não tem essa coisa de me arrumar porque pode ter paparazzi. Não
estou nem aí. Vivo minha vida normalmente, como sempre vivi.
Você já fez cenas nua antes, como no filme Febre do Rato
(2011). Qual a diferença entre tirar a roupa para um filme e para um ensaio
sensual?
– Não tenho problema em tirar a roupa, desde que esteja em
um personagem. Visto, ou melhor, tiro a camisa, se precisar. Então, em um
ensaio, eu fantasio em cima, como uma fotonovela. Até atrapalho um pouco,
porque fico inquieta.
Li que você gosta muito de música.
– Tenho um projeto musical chamado Batida Nacional, com o DJ
Deep Lick e a percussionista Lan Lan. Não é uma banda, é uma festa show, um
coletivo de artistas. A ideia é passar por todos os ritmos, fazer a batida do
Brasil inteiro misturando a percussão orgânica com a música eletrônica e as
vozes originais dos compositores para cantar junto.
Você sempre gostou de cantar?
– Sempre. Cantei no coral de Paraty quando tinha cerca de 8
anos. E ganhei um violão quando tinha 14 anos. Mas nunca tinha me apresentado
profissionalmente.
Cinema, TV ou teatro?
– Eu gosto de trabalhar e de ter bons desafios, bons
personagens. Dependendo do papel, não vejo problema algum em priorizar uma
novela a um filme.
Tem algum diretor com quem você ainda não trabalhou e sonha
em trabalhar?
– Almodóvar, eu ia curtir muito.
Qual o seu maior desejo?
– Que essa minha inquietação nunca acabe. Mas que a paz
também nunca me deixe.
O que você procura em uma relação?
– Parceria.
O que uma pessoa precisa fazer para te conquistar?
– Em primeiro lugar, não pensar no que tem que fazer para
conseguir alguma coisa. Simplesmente ser. Se tiver que acontecer, vai
acontecer. Para mim é natural.
Você se acha sedutora?
– Sou também. A gente tem que saber onde estão todas as
nossas ferramentas. Ainda mais para uma atriz.
Qual a sua parte do corpo irresistível?
– Meu sorriso. Não é a minha boca, hein?
Texto e imagens reproduzidos do site: revistastatus.com.br
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