Texto publicado originalmente no site do Estadão, em 06 Janeiro 2015
Ator inglês Rowan Atkinson, o Mr. Bean, comemora 60 anos
(2015).
Por Pedro Antunes, do Estadão.
Mr. Bean entra em um quarto de hotel, espia a vista possível
da janela, senta na cama, troca os canais da televisão com o controle remoto.
Tudo ordinário, não fosse por Rowan Atkinson. O ator que completa 60 anos nesta
terça-feira, 6, transformou o ordinário em graça. O comum em piada.
Britânico nascido em Consett, uma cidade localizada na
região nordeste da Inglaterra, Atkinson imortalizou a figura cômica de Bean,
personagem com o qual manteve um seriado próprio ao longo de cinco anos, de
janeiro de 1990 a 31 de Outubro de 1995, mas o personagem só veio depois que
ele mesmo já havia estabelecido certa fama no difícil e disputado cenário da
comédia britânica.
A voz dele, desconhecidas para os fãs apenas de Mr. Bean,
foi o que levou Rowan ao início da caminhada para a fama. Na BBC Radio 3
estrelou The Atkinson People, um programa de entrevistas bem ácidas e cheias de
sátiras escrito por ele e Richard Curtis, roteirista de sucessos do cinema
inglês como Quatro Casamentos e um Funeral, O Diário de Bridget Jones e Um
Lugar Chamado Nothing Hill, mas, principalmente, parceiro no seriado Mr. Bean.
Ao lado de Curtis, Rowan passou para a televisão. Em 1979, o
rosto carismático do ator, com suas caras e bocas já nossas conhecidas, estavam
em Not the Nine O'Clock News, cujo roteiro incluía Curtis. Na época, Rowan e
Curtis trabalharam com John Lloyd, criador da série. E com ele, a dupla
conseguiu emplacar o seriado Blackadder - possivelmente o segundo maior sucesso
de Rowan. O seriado brinca com a história britânica colocando uma espécie de
desajustado, sempre vivido por Rowan, em diferentes momentos da história do
Reino Unido, desde a Idade Média, na corte do Rei Ricardo III, passando pela
Primeira Guerra Mudial. A série foi colocada em uma lista da revista Empire
como uma das 20 melhores seriados de televisão de todos os tempos.
Com Not the Nine O'Clock News e Black Adder the Third ,
Rowan ganhou dois prêmios do Bafta, mas foi com Mr. Bean, um personagem criado
por ele em uma tese de mestrado em Oxford, que a massificação chegou.
A série Mr. Bean chegou a atingir níveis altos de audiência
no Reino Unido, rompendo a barreira de 18 milhões de telespectadores e chegou a
245 países do mundo.
No Brasil, o personagem foi exibido como quadro do
Fantástico, da TV Globo, passando por outros canais, como a Band e Canal Viva.
Ainda era o momento pré-internet, e entenda, para que atrações cruzassem o
oceano Atlântico, era necessário ser um fenômeno de grande escala. Até mesmo o
veículo usado por ele, um minúsculo British Leyland Mini 1000, com aquela cor
de caneta marca-texto, ganhou fama própria como "o carro de Mr.
Bean."
Animações, dois filmes e uma porção gigante de outros
produtos baseados no personagem que pouco fala renderam a Rowan uma fortuna de
£ 85 milhões. Ainda rendeu um Johnny English, personagem que parece ser o
encontro entre Bean e o espião James Bond. Ou melhor, um espião como James
Bond, com a cabeça de uma criança como Bean. O personagem ganhou dois filmes -
e foram as duas últimas aparições de Rowan nas teleonas.
Atualmente, o personagem está aposentado. "Quando se
passa dos 50 anos de idade, não faz sentido interpretar uma criança",
disse Rowan quando anunciou que Bean ganharia descanso. Do banal, Bean
arrancava o nosso sorriso quase que à força, como se fosse impossível não se
divertir com a palhaçada exibida na telinha. Não por acaso, Bean foi escolhido
para estar na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres, em 2012. Uma
figura eternizada do humor e das peculiaridades britânicas.
Texto reproduzido do site: cultura.estadao.com.br
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