quarta-feira, 19 de julho de 2017

Linda Brasil e a militância transfeminista




Fotos: Jéssica Dias.

Publicado originalmente no site VIP Comunica Conecta, em 9 de março de 2017.

Linda Brasil e a militância transfeminista.
Por José Rivaldo Soares, da equipe Vip.

Na sequência de mulheres inspiradoras no mês de março, o portal Vip traz a história de Linda Brasil.

Ela é uma mulher trans, tem 43 anos de idade e está concluindo o curso de Letras pela Universidade Federal de Sergipe.  Além disso, Linda dedica parte do seu tempo ao ativismo LGBT e transfeminista.

Linda relembra que a sua militância começou quando ingressou na Universidade Federal de Sergipe, em 2013. Foi lá que ela despertou para a necessidade de se mobilizar e fazer algo a favor dos direitos das pessoas trans. No primeiro dia de aula, Linda teve o seu direito a ser chamada pelo nome social negado por um professor. Naquele momento, percebeu que, se no ambiente acadêmico o preconceito ainda era tão forte, algo necessitava ser feito. Ela foi a primeira aluna a requerer o uso do nome social na instituição.

A entrada na UFS foi um divisor de águas em sua vida. “Por tanta invisibilidade, por tanta marginalização, por tanto estereótipo, para mim, a entrada na universidade foi o que me deu conscientização da importância da luta a favor das pessoas trans. Foi lá que eu comecei a ter acesso a certos dados e estatísticas”, relembra.

Com o empoderamento feminino, Linda iniciou a luta para o respeito da dignidade das pessoas transexuais. “São muitas formas de opressão em relação às pessoas trans: 90% estão, compulsoriamente, na prostituição, a expectativa de vida é de 35 anos. Somos o país que mais mata pessoas LGBT. Todos esses fatores fez com que eu entrasse de cabeça nessa luta”, pontua.

Segundo Linda, aqui no nordeste, devido ao machismo, a transfobia é mais potencializada. Mas o movimento conta com uma ferramenta importante nas mãos: a internet. “As redes sociais estão contribuindo muito para a interação com outras pessoas que estão na luta. Isso acaba reduzindo essa diferença de conhecimentos e de marginalização, porque acaba tendo acesso a informação. Isso fortalece a nossa luta”, argumenta.

Linda analisa que nos últimos tempos vive-se uma dualidade entre o aumento da violência contra as pessoas transexuais e o aumento das oportunidades e espaços ocupados por elas.  “As formas de violência contra as pessoas trans estão aumentando, mas em contrapartida algumas pessoas trans estão tendo oportunidade de entrar na universidade, algumas estão assumindo sua identidade trans pelo fato de terem conhecimento melhor sobre a identidade trans, que sempre foi marginalizada”, enumera.

Linda diz ainda que o sentimento é dúbio. “Fico triste porque poucas pessoas trans estão ocupando espaços e feliz porque, aos poucos, estamos conseguindo reverter esse cenário”, finaliza.

Texto e imagens reproduzidos do site: comunicacaovip.com.br

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