Fotos: Jéssica Dias.
Publicado originalmente no site VIP Comunica Conecta, em 9 de março de 2017.
Linda Brasil e a militância transfeminista.
Por José Rivaldo Soares, da equipe Vip.
Na sequência de mulheres inspiradoras no mês de março, o
portal Vip traz a história de Linda Brasil.
Ela é uma mulher trans, tem 43 anos
de idade e está concluindo o curso de Letras pela Universidade Federal de
Sergipe. Além disso, Linda dedica parte
do seu tempo ao ativismo LGBT e transfeminista.
Linda relembra que a sua militância começou quando ingressou
na Universidade Federal de Sergipe, em 2013. Foi lá que ela despertou para a
necessidade de se mobilizar e fazer algo a favor dos direitos das pessoas
trans. No primeiro dia de aula, Linda teve o seu direito a ser chamada pelo
nome social negado por um professor. Naquele momento, percebeu que, se no
ambiente acadêmico o preconceito ainda era tão forte, algo necessitava ser
feito. Ela foi a primeira aluna a requerer o uso do nome social na instituição.
A entrada na UFS foi um divisor de águas em sua vida. “Por
tanta invisibilidade, por tanta marginalização, por tanto estereótipo, para
mim, a entrada na universidade foi o que me deu conscientização da importância
da luta a favor das pessoas trans. Foi lá que eu comecei a ter acesso a certos
dados e estatísticas”, relembra.
Com o empoderamento feminino, Linda iniciou a luta para o
respeito da dignidade das pessoas transexuais. “São muitas formas de opressão
em relação às pessoas trans: 90% estão, compulsoriamente, na prostituição, a
expectativa de vida é de 35 anos. Somos o país que mais mata pessoas LGBT.
Todos esses fatores fez com que eu entrasse de cabeça nessa luta”, pontua.
Segundo Linda, aqui no nordeste, devido ao machismo, a
transfobia é mais potencializada. Mas o movimento conta com uma ferramenta
importante nas mãos: a internet. “As redes sociais estão contribuindo muito
para a interação com outras pessoas que estão na luta. Isso acaba reduzindo essa
diferença de conhecimentos e de marginalização, porque acaba tendo acesso a
informação. Isso fortalece a nossa luta”, argumenta.
Linda analisa que nos últimos tempos vive-se uma dualidade
entre o aumento da violência contra as pessoas transexuais e o aumento das
oportunidades e espaços ocupados por elas.
“As formas de violência contra as pessoas trans estão aumentando, mas em
contrapartida algumas pessoas trans estão tendo oportunidade de entrar na
universidade, algumas estão assumindo sua identidade trans pelo fato de terem
conhecimento melhor sobre a identidade trans, que sempre foi marginalizada”,
enumera.
Linda diz ainda que o sentimento é dúbio. “Fico triste
porque poucas pessoas trans estão ocupando espaços e feliz porque, aos poucos,
estamos conseguindo reverter esse cenário”, finaliza.
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