terça-feira, 20 de junho de 2017

Tecnologia e seres humanos artificiais.


Tecnologia e seres humanos artificiais. 
Por Guilherme Mariano.

Nossa sociedade está cada vez mais evoluída, isso é um fato, graças a inteligência humana, as tecnologias vem sendo aprimoradas, tudo para tornar o nosso dia-a-dia mais simples, rápido e fácil. Vivemos em uma geração de inteligência artificial, mas será que tanta praticidade e rapidez não tem suas consequências?

Notebooks, Iphones, celulares, televisoes smart, os gadgets conquistaram o seu lugar no coração da humanidade, que faz questão de manter-se atualizado com tudo o que há de novo e mais moderno em tecnologia nos países de primeiro mundo. Gadget vem do inglês geringonça, dispositivo. São equipamentos com função prática e útil ao cotidiano, porém, além da lógica da finalidade, para muitas pessoas eles têm outra função. Status e superioridade.

Esses dispositivos vieram sim trazer muitos avanços positivos, não dá para negar. Mas ninguém pode fazer vista grossa quanto aos problemas econômicos, políticos, sociais e mesmo culturais, que esse avanço implantou na sociedade em geral. Considerando-se somente o problema do status, certamente você deve achar que isso está distante de você. Mas todos nós somos escravos dele, todos não, mas vamos dizer que a maioria. Muitas pessoas não teriam coragem atender normalmente na fila do banco, um aparelho celular fabricado há 10 anos? Quando ele começasse a tocar todas as pessoas estariam olhando para você julgando por não ter um celular Touch Screen com uma tela do tamanho de uma TV de plasma. No momento em que você tivesse que levantar a antena em busca de sinal, elas já estariam comentando a cena com o próximo da fila e rindo de você.

Você se considera escravo da tecnologia?

Apesar de parecer meio contraditório, eu aqui escrevendo no meu notebook e no lado meu celular carregando, considero importantes tais avanços, apoio e faço uso. No entanto, precisamos abrir os olhos para não nos tornarmos escravos desses gadgets que visam facilitar demais as coisas. Na minha opinião, acho que o pior é que sabemos de tal dependência, quando ficamos sem internet ou sem celular, parece que nos arranca algo do nosso corpo, não nos sentimos normais, precisamos saber sobre o que o grupo do Whatsapp está conversado, o que está acontecendo no Facebook, o que eu estou perdendo, parece loucura, mas é algo totalmente real. A internet é como um martelo, você pode construir coisas, consertar, mas também pode matar, depende de quem utiliza.

Por isso, cabe a nós fazer bom uso desse arsenal que temos à nossa disposição, seja como usuário comum ou como profissional. Pois tudo em exagero pode ser prejudicial. Então, não se preocupe: se desligar um pouco não é o fim do mundo. Pelo contrário, é necessário. Lembre-se: tais ferramentas são um facilitador e não um substituto absoluto do que acontece fora da internet. É de total importância conversar pessoalmente com pessoas, mas também é muito prático conversar com pessoas distantes instantaneamente, devemos fazer um elo entre os dois meios, mantendo sempre um equilíbrio.

Outro dia estava em uma roda de amigos na faculdade e entre um papo e outro percebi que alguns assuntos ficavam no ar, sem resposta. Foi quando notei que vários dos presentes checavam seus celulares em conversas sem fim ou procurando a mais nova foto dos amigos da balada da noite anterior. Percebi então que a comunicação pessoal perdeu totalmente a importância, não é mais possível deixar o mundo conectado para alguns momentos depois. Apesar de alguns conversas na roda, todos conversaram e conseguimos passar algumas horas conversando, com certo esforço, mas conseguimos.

Essa pequena cena mostra o que tem acontecido com frequência em reuniões familiares e de trabalho, em cinemas e teatros, nos ônibus e metrôs, nos elevadores e filas de supermercados, em quase todos os lugares. Estamos constantemente sendo chamados a participar das redes sociais, aplicativos de troca de mensagens e outros afins, sempre com pressa para ler e responder, a participar de tudo ali na hora, tem que ser “instantâneo”, mas será realmente preciso? Será que precisamos estar tão conectados assim, a todo momento, a ponto de ignorar o outro indivíduo? Evoluzione-uomo-computer-copia. Essa troca de mensagens instantâneas, o acesso às redes sociais ou os e-mails particulares em qualquer lugar e qualquer hora chamam a nossa atenção, e eles são tantos que ficamos numa espécie de distração, levando algum tempo para retornarmos ao que estávamos fazendo. No ambiente de trabalho, roda de amigos se isso ocorrer inúmeras vezes ao dia, com certeza vai diminuir a aproximação estre as pessoas ali presentes. Essa ansiedade nos faz buscar mais e mais, nos sentimos como carentes de informações e precisamos consumi-las, precisamos nos atualizar toda hora.

A confusão se estabelece a ponto de a Associação de Psiquiatria Americana estar disposta a incluir a “ansiedade digital” na lista de doenças psiquiátricas existentes, tratando-a como um vício sem limite, similar a comprar ou jogar. Realmente uma dependência, é algo a ser tratado. Tente se condicionar a acessar as redes sociais poucas vezes ao dia, como duas vezes apenas, que tal? O importante é não fazer checagens a todo instante, tente controlar a ansiedade de querer saber tudo o tempo todo. Evite estar conectado às redes sociais o tempo todo, principalmente em determinados horários do seu dia, pois o fato de estar conectado te leva a querer navegar a todo instante. O que acontecerá se você se desconectar do mundo por algumas horas? Tente e veja o que acontece. Deixe de lado o celular por alguns momentos do dia, aproveite um bate-papo informal, converse com seus amigos pessoalmente, não converse somente com a foto dele no Whatsapp, veja como isso é gostoso e faz bem. Reserve um tempo para estar com as pessoas, escute, fale também, de sua opinião sobre algum assunto, isso faz muito bem para nós, tanto pra quem ouve, quanto pra quem fala, tudo no seu tempo.

Bom, agora que meu celular terminou de carregar irei ver quantas notificações tenho.

Texto e imagem reproduzidos do site:  obviousmag.org

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