Publicação compartilhada do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, 9 de setembro de 2022
Ideologia de gênero: uma coleção de apetites.
Esqueça mérito, inteligência, conhecimento, bondade ou coragem: o valor de homens e mulheres passa a ser medido apenas pelo exotismo de sua sexualidade. Roberto Motta para a Oeste:
“Assim como uma preocupação exclusiva com
a morte nos tornaria morbidamente
deprimidos e ineficazes, uma obsessão com sexo
só pode levar a uma existência superficial e
narcisista, porque foge da realidade e rouba da
vida aquilo que torna cada momento
singularmente significativo —
o fato de que pode ser o nosso último momento na Terra”.
Bruno Bettelheim, Freud e a Alma Humana, p.109
A hipersexualização da cultura e do comportamento é uma das marcas do movimento progressista. Para essa turma, absolutamente tudo tem a ver com sexo.
Essa hipersexualização inibe o intelecto, desidrata ou amputa laços afetivos e subordina todos os outros aspectos da vida — como o espiritual, o estético, o artístico, o cívico e o moral — a uma obsessão permanente com nudez, genitália e copulação.
O ato sexual é despido de qualquer significado emocional e transformado em mercadoria de massa e instrumento de controle ideológico.
Sobe na escala da virtude e da celebridade o indivíduo que produz a exibição mais grosseira e escatológica de seus órgãos genitais e suas relações íntimas. Aquilo que deveria constituir o universo amoroso privado de cada um é exibido em praça pública como troféu. Promiscuidade se torna o passaporte de entrada no clube dos ungidos. Quanto mais visível, melhor.
“Diversidade sexual” se torna a ordem do dia. Mas o que exatamente significa isso? Significa apenas usar orientação e hábitos sexuais como critério superior e absoluto na avaliação de um ser humano e de sua adequação a um grupo ou função.
Esqueça mérito, inteligência, conhecimento, perseverança, bondade ou coragem: o valor de homens e mulheres passa a ser medido apenas pela exuberância, pela visibilidade e pelo exotismo de sua sexualidade.
Mas o foco que o progressismo coloca na “diversidade sexual” revela, na verdade, apenas uma obsessão adolescente com sexo e um pensamento reducionista primário que transforma as preferências amorosas de cada indivíduo no elemento definidor de sua identidade.
Não são poucos os casos de atores ou músicos, por exemplo, com produção artística rudimentar, cujas carreiras são sustentadas apenas pela contínua exibição pública de detalhes íntimos de suas vidas amorosas. Esse sacrifício permanente da privacidade e da individualidade é recompensado com celebridade, venda de ingressos e contratos com departamentos de marketing em busca de lacração.
Como já apontaram muitos autores, entre eles o cientista político David Horowitz e o líder ativista Saul Alinsky, a esquerda se apropriou de algumas das principais causas sociais para transformá-las em instrumentos políticos e ideológicos na busca pelo poder. Usando uma posição hegemônica na mídia e na cultura, e através do trabalho de exércitos de ativistas, pautas como defesa dos direitos humanos, defesa das minorias, proteção do meio ambiente e luta contra o racismo foram associadas ao radicalismo político socialista e marxista.
O marxismo aplicado às questões étnicas virou a teoria crítica da raça. O marxismo aplicado ao Direito virou garantismo penal. O marxismo aplicado à educação virou a pedagogia do oprimido. O marxismo aplicado à sexualidade virou a ideologia de gênero.
A mentalidade revolucionária
Quanto se trata de transformar sexualidade em arma política, a insanidade ideológica revolucionária não se intimida nem mesmo diante da realidade mais concreta e evidente. A aplicação do marxismo à própria biologia transformou o que é uma característica essencial de cada ser vivo, impressa em seu DNA — o seu gênero —, em uma escolha a ser feita dentro de um infinito menu de possibilidades, todas elas criadas na busca incessante por divisão, radicalização e desfiguração emocional e cognitiva.
A aplicação da mentalidade revolucionária aos aspectos mais íntimos da natureza humana, em especial à sexualidade, quase sempre condena suas vítimas a uma vida de revolta vazia, ressentimento, frustração conjugal e solidão.
Que esse seja o caminho escolhido por adultos conscientes é triste, mas compreensível, diante da posição dominante conquistada pelo progressismo na cultura popular.
Mas o pior aspecto desse fenômeno é, provavelmente, a invasão dos espaços da infância e da adolescência pela militância sexual de caráter marxista revolucionário. A erotização precoce e excessiva desfigura a trajetória intelectual e emocional de crianças e adolescentes e transforma o ser humano em uma mera coleção de apetites.
Infância e adolescência são etapas formativas da personalidade. É normal que algumas crianças e jovens se sintam confusos em relação à sexualidade. O que a ideologia de gênero faz é tornar essa confusão obrigatória para todas as crianças e todos os adolescentes.
E isso é absurdo e inaceitável.
Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi.blogspot.com
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