Demanda WEB: Autismo como estilo?

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Autismo como estilo?

Artigo e comentários compartilhados de post no BLOG ORLANDO TAMBOSI, de 28/08/2022

Autismo como estilo?

Inteligência e memória de gênio são traços com grande vocação a ferramenta de alto valor de mercado no capitalismo. Luiz Felipe Pondé via FSP:

O conceito de tendência de comportamento não pode ser confundido com moda de comportamento. Esta, quando alçada à condição de tendência —conceito de vocação sociológica que transcende a alma mesquinha do marketing—, confunde fetiches de riquinhos —como salvar crianças na Nigéria num sabático ou pedir demissão de empregos porque não encontram "propósitos"— com movimentos sociais não feitos para consumo imediato de nichos afluentes, apesar de movimentar o mercado de bens e gestos.

Toda tendência de comportamento tem vocação a se tornar commodity. Uma tendência atual que merece a nossa atenção é a do autismo como moda de comportamento hype.

"O autismo tá bombando!" Ouvi essa frase outro dia de um profissional na área. Como o que ontem era um diagnóstico psicopatológico se transformou numa tendência de estilo de vida hype? Atenção para o componente altamente irônico da seguinte afirmação: agora todo mundo quer ter um filho autista.

Talvez hoje valha mais do que um filho trans no mercado das vanguardas de comportamento. Como um sofrimento humano gigantesco pode se transformar numa commodity hype de comportamento? A série coreana "Uma Advogada Extraordinária", da Netflix, ilustra esse fenômeno. Sinopse básica: brilhante advogada autista, com inteligência muito acima da média e capacidade de memória monstruosa, sofre com dificuldades de relacionamento.

A sinopse acima ilustra claramente a fetichização do sofrimento de uma psicopatologia. Inteligência e memória de gênio, traços com grande vocação a ferramenta de alto valor de mercado no capitalismo contemporâneo focado em "conhecimento" —com aspas sim—, apontam para a tendência de fazer do autismo um "plus" com qualidades cognitivas invejáveis. O filme "O Contador", com Ben Affleck, já fazia de um autista um assassino profissional, e contador, como ninguém.

Ali já aparecia a grande qualidade autista para o mercado de bens e gestos: ser focado. Nossa advogada brilhante sofre com dificuldades de relacionamento. Alguém poderia dizer, com propriedade, quem hoje não sofre com dificuldade de relacionamento? Tal tipo de dificuldade pode ser o preço a pagar para você ser um gênio, não? Além do fato que relacionamentos somam menos ao modelo de sucesso no século 21 do que inteligência e memória somam ao mercado de trabalho.

A suspeita de que altas qualidades cognitivas podem caminhar passo a passo com dificuldades afetivas no mundo já existia com relação à melancolia. Do ponto de vista do melancólico, só pessoas superficiais seriam alegres. A questão é que a melancolia caiu de moda porque ela não oferece qualidades cognitivas que agregam valor ao "capitalismo de conhecimento"—com aspas sim, porque a expressão é miserável e não deve ser confundida com valor do conhecimento real —que marca o século 21.

O novo autista é um comportamento filho da diversidade psíquica, não vítima de um drama ambiental familiar gravíssimo. O sofrimento dos familiares, claro, tende a abraçar o autismo hype como forma de investimento na autoestima do grupo.

Esse salto qualitativo anima o mercado da saúde mental de modo promissor. Num evento de profissionais de saúde mental recente no Brasil, uma psicanalista, seguindo a teoria de D.W. Winnicott (1896-1971), segundo a qual podemos entender o autismo como consequência do incômodo materno radical com a criança indesejada, fazendo do ambiente afetivamente hostil um espaço do qual a criança deve se isolar de modo radical —o conhecido isolamento autista—, quase foi apedrejada como uma herege maldita.

Qual o pecado dessa teoria? O pecado está no fato de ela apontar para o ambiente destrutivo —inclusive sendo a mãe parte essencial dessa destrutividade— como causa essencial do autismo. Isso é imperdoável para uma sociedade que elegeu o otimismo como virtude cívica.

O autismo deve ser cada vez mais uma personalidade positiva que oferece um bem fundamental para o mundo do trabalho: ser focado. O autista real, que você tem em casa, deve ser trocado pela advogada extraordinária.

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COMENTÁRIOS:

Anônimo disse...

O que foi que Pondé bebeu?

domingo, agosto 28, 2022 7:53:00 PM

Anônimo disse...

Não consigo sinceramente compreender o real contexto que se pretendeu na abrodagem da postagem. Mas o que mais me indagou mesmo, foi o último parágrafo dito. Prefiro entender que não entendi...trocar o autista que eu tenho em casa pela advogada extraordinária... O que quis dizer com isso??? Que a advogada extraordinária é realmente uma autista e o que eu tenho em casa não?

segunda-feira, agosto 29, 2022 12:19:00 AM

Anônimo disse...

Está precisando estudar, Pondé... Austismo não é essa brincadeira que você retrata. Se o seu desejo é que as pessoas sejam violentas com autistas que batalham muito pra tentar talvez se encaixar e pelo menos sobreviver, parece que vai conseguir. Que vergonha ter lido seus livros e ver essa queda... Repense, estude, se retrate. Pra ser crítico, você precisa estudar o triplo. Faltou leitura. Muita.

segunda-feira, agosto 29, 2022 8:56:00 AM

EDJAILSON XAVIER CORREIA disse...

Sou Pai de Autista, sei o quanto sofremos juntos , a Família toda, dentro e fora de casa, sei de tudo que acontece com meu Filho, manuseado por tantos Profissionais de Saúde de todos os níveis, na maioria das vezes sem o Plano de Saúde para cobrir as despesas e numa luta grandiosa para oferecer o minimo de dignidade a ele. Nesses últimos 28 anos do nascer desse Presente de Deus em meu Viver, desde o nascimento Prematuro Extremo , Apgar 1, aprendí com Deus e os Grandes Profissionais, Familiares e Amigos que se aliaram a minha luta a compreender e viver com um Autista, ao o Amar ainda mais nesse viver terreno que é difícil pois o Pondé narrou o que vejo atualmente no dia a dia, fora os olhares transversos dos falsos humanistas e pragmáticos senhores donos do mundo das redes sociais que se chamam de influencers ou coachs. Já ví de muito e tudo sobre o Autista, principalmente quando saímos e nas ruas e locais públicos os olhares são outros. Compreendo o que esse texto trás, muitos pensam que vivemos de estrelismos e não sabem e nem conhecem a Vida de um Autista desde o seio Familiar. Esse Texto pode traduzir um momento, e quando caminho, minha vida é caminhar apesar de Aposentado, para sobreviver a tantas dificuldades e ansiedades em uma Nação onde Justiça é só para proteger e apoiar Criminosos e Ladrões da Pátria. Sei o que passam muitos Autistas nisso que chamam Postos de Saúde sem uma perspectiva melhor de definição da Doença e seus acompanhamentos para seu Viver ou Sobreviver. Realmente, por onde passamos me perguntam se conheço um Profissional que possa atender uma criança que julgam ser Autista por está na idade exemplo para diagnóstico que é 3 anos de idade, realmente é o que mais vemos. Como vemos, muitas vezes no seio Familiar a palavra dura e que fere a alma quando alguém diz diante de nós e do Ser Humano Autista que.."ainda bem que não tenho filho Autista.." , já escutei muito isso, essa feridas as curo em Deus e nas Forças que Ele me oferece para Viver, Amar e Cuidar de seu Presente Grandioso de me tornar Pai de um Autista, e esse Texto é uma ajuda para a compreensão humana, por isso, procurem Profissionais de Saúde Pública sobre o Autismo, e, por favor, não comparem nunca um Autista com políticos nenhum ou seres humanos que não cuidam e nem respeitam o Autista e o Autismo, como uma vez a Ministra do STF Carmem soltou uma frase triste e vergonhosa contra os Autistas e o Autismo. Precisamos muito dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em todas as Políticas de Saúde, principalmente aquelas que muitos tem medo de tocar com medo de serem desprezados ou marginalizados pelos "internéticos digitais reis do nada" que pululam nas redes, mas, não sabem o Amor e Alegria que Deus me deu por ser Pai de um Autista, seu é João, Deus é Generoso, Pedro, pedra forte, sim JOÃO PEDRO é o Nome de Meu Presente de Deus, claro com também é sua Irmã. Filho é pra se Amar porque todos Presente de Deus é AMOR, PLENAMENTE, AMÉM !!!!!

segunda-feira, agosto 29, 2022 9:59:00 AM

Vanessa Finati disse...

É difícil até comentar tamanha insanidade. Só por citar uma série bem fantasiosa, que não corresponde nem 5% dos autistas (os gênios) já dá para perceber que você não sabe nada do autismo.

segunda-feira, agosto 29, 2022 3:03:00 PM

Anônimo disse...

Não acredito que depois de anos de.evolução do conhecimento acerca do autismo, que envolve ainda tantos mistérios na comunidade científica, uma pessoa que nunca estudou sobre o.assunto vem ressuscitar a tal teoria absurda da "mãe geladeira", sendo que o fator essencial do autismo, possivelmente, tem.fundo genético.

E trata-se de neurodiversidade sim! Não tem.nada festivo nisso, e essas.series retratam apenas uma parcela dessa comunidade. Se houvesse algo de sério nesse artigo, Ponde deveria, no mínimo, considerar que trata-se de um espectro, em.que cada individuo apresenta suas paritcularidades. Enfim... mais uma pessoa querendo dar pitaco no que desconhece...

segunda-feira, agosto 29, 2022 3:30:00 PM

Anônimo disse...

Nunca vi tanta merda junta como esse texto. Será q ele leu o que escreveu. Inacreditável

segunda-feira, agosto 29, 2022 4:31:00 PM

Anônimo disse...

Triste! Muito triste ler tamanho absurdo! Sou mãe de uma criança autista. Muito triste um Filósofo Brasileiro escrever algo assim.... Ele não tem noção do que passamos, do quanto lutamos pelo crescimento dos nossos filhos.

segunda-feira, agosto 29, 2022 4:49:00 PM

Anônimo disse...

Pondé fez uma provocação. Ele justamente chama atenção para o comércio fantasioso em torno do autismo. Em tempo, winnicott fala sobre a importância da mãe ou cuidador atento, que supra as necessidades do bebê E não desconsidera questões genéticas e hereditárias. Ele foca na importância do afeto para o desenvolvimento saudável do ser humano. Muito temos que estudar e pesquisar a respeito. Ter um filho fora das normas impostas como normalidade é muito difícil, não tem nada de maravilhoso, a começar pelo preconceito e falta de diagnóstico precoce.

segunda-feira, agosto 29, 2022 6:14:00 PM

Anônimo disse...

Vcs não entenderam nada do que ele falou rs vão estudar vcs

segunda-feira, agosto 29, 2022 6:43:00 PM

Anônimo disse...

Monte do comentários destituídos de conhecimento de psicanálise ; vão ler para poderem criticar porque vcs é que não entenderam nada do que leram

segunda-feira, agosto 29, 2022 6:44:00 PM

Anônimo disse...

Monte de gente também que fala do que desconhece. Nada melhor do que ter um autista em casa, no dia a dia, para reunir conhecimento. Livros são importantes. Mas as vivências também.

Aliás, em tempo: a psicanálise ultimamente não é sequer a abordagem terapêutica ideal para autistas.

segunda-feira, agosto 29, 2022 9:02:00 PM

Anônimo disse...

Provavelmente ñ tem um filho autista com nivel de suporte 3 pra cuidar, se um dia tiver ou conviver com um é vc que vai precisar estudar... aí chama o Pondé pra te ensinar.

segunda-feira, agosto 29, 2022 10:55:00 PM

Mais um amador disse...

Desde que acompanho o blog, postagem com o maior número de comentários. 😁

terça-feira, agosto 30, 2022 9:45:00 AM

Anônimo disse...

Quem vergonha Pondé, sou autista e posso afirmar claramente que autismo não é nada disso que está escrito no seu texto, colocar o autismo como modismo dando a impressão de que foi algo inventado para justificar certas dificuldades é totalmente errado, lembre-se que nem toda deficiência é visível. Acho que você deveria voltar a falar sobre Gramsci, marxismo cultural, gramscismo e outros assuntos relacionados à hegemonia comunista.

terça-feira, agosto 30, 2022 10:26:00 AM

Modismo sustentavel disse...

Um absurdo essa reportagem, se ele soubesse como é difícil para a criança autista ou para a familia , os preconceitos sofridos. Devia ter ficado calado a expor dessa forma algo que ele não sabe.

terça-feira, agosto 30, 2022 12:08:00 PM

Anônimo disse...

Impressionante como interpretação de texto é uma habilidade tão escassa hodiernamente…

terça-feira, agosto 30, 2022 2:54:00 PM

Anônimo disse...

Ele quer dizer que há aproveitadores da situação

Num sistema midiático em que tudo é moeda de troca a Questão do autismo também tornou se uma espécie de espetáculo. Não disse que todos faziam isso

terça-feira, agosto 30, 2022 3:23:00 PM

Anônimo disse...

Boa!

terça-feira, agosto 30, 2022 5:35:00 PM

Anônimo disse...

Boa!

terça-feira, agosto 30, 2022 5:35:00 PM

Anônimo disse...

Pois é!

terça-feira, agosto 30, 2022 5:36:00 PM

Anônimo disse...

Corretíssimo!

terça-feira, agosto 30, 2022 5:36:00 PM

Anônimo disse...

Tá certo então... faltou só explicar pq citou as mães geladeira. Pra mim, é mais do mesmo. Quer explanar sobre "exploração midiática "??? Pois se ele proprio aproveita disso para divulgação de suas ideias...

Oferecer acolhimento, empatia, soluções ninguém oferece. Pra mim não passa de bate papo de boteco. E tem mais: mesmo que fale do lado mais "leve" do autismo, de pessoas que tem um grau menos severo, pelo menos está falando do assunto! Não vejo apenas o lado ruim dessas series não!

Sou professora de adolescentes e mae de uma criança autista. Sabe quantas vezes por semana escuto adolescentes falando um pro outro "seu autista", como fosse um xingamento? Pois eu acho que melhor a midia tratar sobre autismo mesmo que seja de um jeito fantasioso!

Sobre isso sera que o Pondé quer falar alguma coisa? Sobre o autismo ser visto como um xingamento entre adolescentes?

terça-feira, agosto 30, 2022 6:51:00 PM

Anônimo disse...

Assustador esse texto... Fontes superficiais, ultrapassadas, falta de conexão com a realidade dos autistas e pais, além da demonstração de um nível de sensibilidade bem abaixo de zero ao tratar do tema. Porém, infelizmente, nós, pais de autistas (vulgo "ouvidos de penico") já escutamos discursos muito piores, quase todos os dias. É muito comum encontrar uma pessoa que vê pela primeira vez o seu filho e já dá o diagnóstico no "olhômetro", dizendo que seu filho não é autista, tomando como base algum personagem de filme/série ou um vizinho com outros comprometimentos, com um quadro clínico diferente. Fazem tudo de maneira "tão simples". Fecham diagnóstico sem precisar de diploma de neuro, especializações, sem nem precisar de relatórios frutos de terapias multidisciplinares. A tendência talvez não é querer um filho autista, mas criticar os pais e o trabalho dos profissionais no campo mais cômodo: a ignorância de ser ignorante sobre autismo.

terça-feira, agosto 30, 2022 6:53:00 PM

Anônimo disse...

Pondé não deve ter assistido a série inteira… Entendo a crítica que ele quis fazer, mas faltou tato e discernimento com o tema. O contraponto com necessidade capitalista, ora, óbvio! O número de diagnósticos aumentou, então o mercado de terapia, e consequentemente de abordagem sobre o tema também. Isso é lógico e normal. O texto poderia ter dito isso, mas poderia, por outro lado, acolher o autista e seus familiares, que sofrem com as adversidades de uma sociedade que se importa com minorias minuciosamente citadas e acolhidas por militâncias, as mesmas que ignoram a realidade da precariedade no trato de deficiências reais e pouco lembradas nos gritos atuais de “acolhimentos”, principalmente políticos. Resta àqueles que convivem com a realidade “autista” ler abobrinhas mal escritas como esse artigo.

terça-feira, agosto 30, 2022 11:45:00 PM

Anônimo disse...

Eu também que sou mãe de uma linda menina de dez anos ainda não verbal , começando agora vocalizar com estímulos na terapia e em casa! Estou sem entender o que o professor escreve! Não foi claro, não foi direto e ainda fez um desserviço com esse texto que somente me pareceu avisar e atrapalhar o conhecimento sobre o espectro autista!

quarta-feira, agosto 31, 2022 4:53:00 AM