Publicado originalmente no site NLucon, em 11 de março de 2017
“Faço questão de dizer que sou mulher transexual”, diz a
miss Náthalie de Oliveira
Por Neto Lucon
A brasileira Náthalie de Oliveira foi eleita na sexta-feira
(10) a segunda mulher transexual mais bonita do mundo, durante o concurso Miss
International Queen, em Pattaya, na Tailândia. Vice no campeonato, ela mostrou
muito mais que beleza: mas charme, inteligência e talento.
Nascida em Bom Jardim, interior do Rio de Janeiro, ela
sempre gostou de fazer história. Aos 17 anos, passou em primeiro lugar no
concurso público da cidade. Também cursou enfermagem e driblou os comentários
transfóbicos dos colegas. “Sempre soube me impor e mostrar que não somos bicho
de sete cabeças”.
Depois, tentou o Miss T Brasil em 2013, em 2014 e, por fim,
em 2015, quando finalmente levou o título. Na época, muito se falou sobre sua forma
física e a ausência de cirurgias, que estava “aquém dos concursos de beleza”.
Hoje, com uma excelente colocação no concurso internacional, ela sambou na cara
das inimigas.
Aliás, pouco antes de ir ao Miss na Tailândia, Náthalie
conversou pessoalmente com o NLUCON em um shopping em São Paulo. Disse que não
gostaria de ter nascido uma mulher cis, que tem orgulho de ser uma mulher
transexual e admite os seus privilégios. “Cada história é única e acho que esse
é o meu diferencial”.
Confira o que pensa a nossa miss:
- Toda vez que eu escrevo matéria de miss, as pessoas falam:
“tem tanta travesti e mulher transexual morrendo e você dando visibilidade para
concurso de beleza”...
Os meios de comunicação dão prioridade para as notícias
ruins. Mas de tantas notícias ruins, a gente tem as boas e a gente acaba
esquecendo. É óbvio que existem mortes, que a gente não pode deixar de lado,
não podemos esquecer dessa violência. Mas eu acho que focar apenas em notícias
ruins acabam com a nossa autoestima e nos coloca para baixo. Acho que podemos
mostrar nossas competências, habilidades, possibilidades, um lado positivo de
ser trans. Eu posso ser uma miss, uma modelo, eu posso ser quem eu quiser ser,
pois a minha vida me pertence. É dizer que, diante de tanta violência e
preconceito, temos motivos para sorrir e ter esperanças. (Durante o concurso,
Náthalie aproveitou da sua visibilidade para falar sobre a transfobia no Brasil
e citou o caso da Dandara).
- Você já tentou três vezes ser Miss T Brasil e hoje é a
segunda mais bonita do Mundo no Miss International Queen. Ser miss era um
grande sonho?
Não foi, mas acabou se tornando. Em 2013, era uma garotinha
gordinha do interior que recebia bastante elogios, então achava que era capaz
de vencer. Fui e não ganhei, mas não fiquei chateada. Não tinha o brilho nos
olhos pela coroa e nem pela faixa. No ano seguinte, um dos prêmios era a CRS
(Cirurgia de Redesignação Sexual) e então eu me inscrevi novamente pensando no
título, mas na cirurgia. Já em 2015 foi para provar para mim mesma que, se eu
corresse atrás de verdade, eu poderia ser miss. É claro que veio pelo interesse
da cirurgia, mas não foi a prioridade. Eu já tinha mais consciência de querer
representar a classe, o meu município e de ter a coroa.
- Quando você ganhou, falaram que você estava "fora de
forma". Como você lidou com as críticas em relação a peso?
Tive consciência de que independente de quem ganhasse,
poderia ser a mais magra ou a que mais tivesse silicone, sempre teria algum
tipo de cobrança. Afinal, ninguém é perfeita. Mesmo tendo ganhado um pouco
acima do peso, foi um orgulho para a minha cidade e fico pensando em quantas
meninas gordinhas puderam se espelhar. Hoje, eu não faço mais parte do grupo de
gordinhas, mas eu vivi a minha vida toda como gordinha. E até acho mais bonito
o padrão de uma mulher mais cheinha, mais gostosa. Hoje, me adequei ao concurso,
mas não penso viver assim o resto da minha vida. Acho que independentemente de
estar magra ou gorda, o importante é se sentir bem. Hoje em dia a gente tem o
mercado plus size também. Então, veja, uma mulher trans, que é uma minoria,
gordinha, que é outra categoria, em um concurso de beleza. Por que não? Acho
que é bacana esse olhar também.
- Após um ano de preparação de preparação com a Majorie
Marchi (organizadora do concurso, que morreu no último ano), ela morreu... Como
foi interromper o processo?
Não chegou a ser nem um ano. Eu fiquei triste pela perda,
desanimada, desmotivada, achei que mais nada fosse acontecer. Só que depois
apareceu a Alessandra Vargas, que foi madrinha, ela me adotou praticamente,
mora na Alemanha e me ajudou na questão financeira. Tive que colocar prótese,
fiz rifa, eu fazia almoço beneficente, eu fazia o escarcéu para participar e
sempre consegui. E ela acabou inteirando o valor que faltava. A minha inscrição
no concurso também foi paga por ela. Tive contato com o Ribas Azevedo, que me
patrocinou. Hoje, mostro para a Majorie que não decepcionei.
- O que acontece depois que você ganha a faixa? O que
ninguém fala?
Assim que ganhei o concurso, achei que as coisas fossem mais
fáceis, mais encaminhadas. Mas vi que quando você coloca uma faixa e uma coroa
na cabeça as responsabilidades aumentam. A cobrança pelo padrão de beleza
aumenta. Querem um estereótipo. E mesmo não querendo fazer parte deste
estereótipo, a gente só vai ter chance no próximo concurso desta forma. Tive
que me empenhar na dieta e em toda a preparação. Só que como o concurso foi
adiado (morreu o Rei da Tailândia), tive mais tempo de me preparar, emagreci 26
e até a minha cirurgia de redesignação (CRS) foi antecipada.
- A CRS que você fez foi por meio do concurso Miss T Brasil?
Na verdade a Kamol, que é patrocinadora do Miss T, oferece
voucher de cirurgias plásticas. E eu optei por essa cirurgia de redesignação. E
eles bancaram a cirurgia. Eu concordo que lá ainda seja o melhor lugar, mas já
escutei opiniões diversas sobre a cirurgia.
- Você chegou a fazer outra cirurgia?
Na Facial Teen em São Paulo em fiz frontoplastia e também
coloquei a prótese de silicone. E ao contrário do que as pessoas falam, eu não
coloquei pelas críticas que recebi pelo concurso. Porque disseram que trans
para ganhar concurso tinha que ter peito. E eu não acho isso. A gente vê
aquelas que se sentem bem sem. A modelo Valentina Sampaio é um exemplo de top
model e nem por isso está se quebrando toda, né? É super feminina, super bonita
e está aí no mercado. Afinal, sabemos que não é a cirurgia que faz de alguém
mulher. Mas eu sempre quis colocar, porque para mim é um agregador de
feminilidade.
- Sobre a CRS, o o que mudou em sua vida?
Mesmo com a cirurgia eu vou continuar sendo uma mulher
transexual. Estou falando isso porque muitas, após a cirurgia e trocar os
documentos, querem ter uma identidade de mulher cis, mudam de cidade e fazem de
tudo para esconder o passado. Acho que você sofre menos aceitando quem você é.
Meu corpo já passou por algumas adaptações e eu procuro viver da melhor forma
possível. Eu me enxergo como mulher, meu marido me enxerga como mulher, minha
família também. O que eu preciso é que as pessoas que me amam e que me
respeitam me enxerguem dessa forma. Já as pessoas que não me amam, não me
respeitam, não querem me ver feliz, eu não me importo com elas. Na verdade, eu
faço questão de falar que sou uma mulher transexual, sabe?
- Me explica...
Cada pessoa é única. Mas no meu caso – e eu estou falando de
mim, tá? – é o que fez a diferença na minha vida. É o que me fez estar aqui
hoje dando essa entrevista, participar do concurso, ganhar, ir para outro
país... Talvez se eu nascesse uma mulher cis, acho que eu seria meio sem sal.
Eu me movo na dificuldade. Eu busco o problema para solucionar, sabe? Eu gosto
de ser desafiada, e ser bem-sucedida. Eu gosto de ser mais notada, porque isso
acontece, né? Normalmente a gente tem uma estatura mais alta, às vezes é o
subconsciente da pessoa ficar te olhando. E depois contar: eu sou uma pessoa
trans. E a pessoa falar: nossa, que bacana. Eu gosto de ouvir isso. Eu gosto de
ouvir que a diferença também é aceita, ela não é só julgada.
- Se alguém te apontar e falar que é travesti, isso te
incomoda?
Sou bem tranquila quanto a isso. Me chamem do que quiser.
Até porque o concurso que ganhei era de travestis e transexuais, então eu
represento toda uma classe. Todas nós passamos por fases, passamos por um
processo e em algum momento já podemos ter ficado em dúvida em uma ou outra
nomenclatura.
- Se existisse uma outra vida, e a sua resposta valesse
mesmo, você voltaria como mulher trans de novo?
É uma vida que envolve muitas dificuldades, mas que eu tive
muita sorte. Se fosse para voltar com a sorte que eu tive, de olhar no espelho,
me sentir bem e conquistar o meu espaço, eu voltaria. Mas se for para voltar
como transexual e não saber se vou conseguir fazer as mudanças que eu tanto
quero, não saber se vou conquistar o espaço, se vou sofrer violência, é
frustrante e eu não encararia. Cada uma tem uma história para contar, e eu
reconheço que tenho privilégios. E não gostaria que fosse uma exclusividade
minha, porque a gente vê que tem uma a cada mil com esse padrão mais comum. É
difícil porque a cabeça das pessoas ainda é fechada. É difícil falar que
identidade de gênero não tem relação a valores, índole...
- Trans-fobia é medo de trans. Você acha que as pessoas têm
medo de uma pessoa trans?
Acho. E acho que a gente acabar com isso. Tem gente que acha
que só por ser trans é marginal. Esquecem que tem gente boa e ruim em todo
lugar. Isso é índole, não tem a ver com a identidade de gênero. A
transexualidade é só mais uma característica, não é apenas o que define. Às
vezes eu vejo na televisão: “travesti assaltou”, “travesti espancou” e eles
fazem questão frisar que foi uma travesti. E as pessoas tendem a achar que toda
travesti faz aquilo ali, mas não... É como se não quisessem dar crédito para esse
grupo, porque esse grupo é marginal.
- Você já sofreu transfobia?
Desde sempre chamei muita atenção, então desde pequena eu
recebia uma abordagem dos homens voltada para a promiscuidade. Algumas vezes
aconteceram inconvenientes, mas nada que me tirou do sério. O mais sério
aconteceu quando fui fazer exame médico no laboratório da minha cidade e os
papeis vieram com o nome social Nathalie de Oliveira. Quando cheguei para fazer
o exame a atendente não aceitou porque havia divergência de nome. Da identidade
era um e no pedido de exame era outro. Foi transfobia porque mostrei o meu
cartão do SUS, que unifica os dois nomes. Tentei explicar o respeito ao nome
social naquela fila do SUS, me expondo daquela forma.
- Como foi o seu processo de transição em sua cidade?
O meu pai rejeitou de cara, já a minha mãe, apesar de
triste, ela conversava bastante comigo. Depois eu entendi o lado dela, pois ela
ficava triste em relação ao que eu sofreria. Eu comecei tudo isso com 14 para
15 anos, com pequenas mudanças e de repente estourou. Hoje eu tenho aprovação
do meu pai e da minha mãe, mas eu precisei provar. Sabe aquela coisa o “filho
pródigo à casa torna”? Então os pais quiseram se orgulhar de mim, independente
de gênero, de sexualidade. Eles viram que o fato de eu ser trans não mudou a
minha moral, a minha conduta, a minha ética, aquilo que eles criaram. Só fiquei
de uma forma diferente e com um agir diferente.
- E como foi a questão da hormonização em uma cidade
pequena?
Difícil, viu? (risos). Porque não tinha nenhuma informação,
procurei endócrinos que não sabiam de nada. Comecei com o velho e bom Youtube e
no começo fazia a loucura de tomar o hormônio tal de quinze em quinze dias, ou
de tomar cinco comprimidos que te deixa... Enfim, faz muito mal à saúde. Hoje eu
faço o uso do hormônio em gel, que é o menos prejudicial à saúde. Até então, eu
descobri que no Rio tinha um lugar que fazia tratamento para transexuais que
queriam se operar pelo SUS. E davam, não só hormônio, mas todo tratamento
psicológico para emissão de laudo e entrada na fila. Como eu não tinha ganhado
concurso, fui para essa fila também.
- Muitas misses trans do passado fizeram o uso do silicone
industrial. O que pensa sobre ele?
Acho que devemos fazer tudo nessa vida para se sentir
melhor, mas existem coisas que a gente faz e depois se arrepende. O silicone,
pelo que eu observo, é como se aplicasse uma dinamite no seu corpo. A qualquer
momento ele pode acender e explodir. Três anos estudando enfermagem, eu seria
uma louca se dissesse que colocaria. E mesmo se eu fosse muito magrinha, eu ia
tentar dieta, exercício, tentar outros recursos. O grande problema é que a
gente quer o resultado imediato, então a gente acaba se submetendo. E quase
sempre se arrepende. Você leva uma pancada, o silicone reage e te dá N
problemas.
- Quando era criança, você tinha alguma referência de
feminilidade ou beleza?
Eu não tinha nem consciência de que existia a transexualidade.
Então nunca tive uma trans como referência. Me espelhava muito na minha mãe.
Ela era aquela pessoa que cuidava da casa e dos filhos e eu era aquela pessoa
que me enxergava daquela forma daqui uns anos. Eu aprendi fazer crochê,
bordado, a cozinhar, eu queria ser como a minha mãe. Depois, passei a admirar a
Marcela Ohio, a Rafaela Manfrini, que são misses trans que eu considero exemplo
de beleza. E também a Lady Gaga, que nos representa.
- Você já chegou sair na mídia anteriormente por ter sido a
primeira do concurso público. Como repercutiu?
Normalmente a transexualidade e travestilidade são
associadas à marginalidade e prostituição. E com 17 anos, eu passei no concurso
público da minha cidade e calhou de eu ter pegado a primeira colocação. E as pessoas
falavam pejorativamente: “como a gente vai ter um viado trabalhando com a
gente?”. Mas eu sempre soube me impor e mostrei que não era nenhum bicho de
sete cabeças. Então eu sou concursada, agente comunitária de saúde, vai fazer
quatro anos. Curso faculdade de enfermagem. É impressionante, porque é como se
a gente fosse uma criança incapaz e, de repente, conseguiu alguma coisa. As
pessoas dizem: “essa aí PELO MENOS faz faculdade”, essa aí PELO MENOS tem um
emprego decente. Mas isso aí não agrega valor na realidade, porque depois elas
chegam e falam: “Como você é uma enfermeira?” Como atende no posto de saúde?”.
- Embora você seja concursada pública, 90% das travestis e
transexuais estão na prostituição. Como é carregar este estigma?
Não condeno quem faz e acho que independente da profissão o
que vale é a índole, a moral e a ética. Só acho muito perigoso, acontecem
muitas coisas ruins no meio e acho que quem não quer fazer deveria ter outras
oportunidades. E investir mais. E quem não conseguir oportunidade e não quiser,
que tente associar a prostituição com outra fonte de renda, com um pouco mais
de cultura, ler, se informar... Isso vale para todo mundo. O que quero dizer é
que não tem problema nenhum em ser profissional do sexo, mas que a gente pode
sim ser dona da nossa história. Eu queria que as travestis e transexuais
tivessem o direito de ir e vir, fazer programa se quiserem, ter acesso à
escola, emprego, se formar e ser reconhecida. Porque muitas até tem condições
de pagar uma faculdade, mas adianta ela cursar uma faculdade se o mercado de
trabalho depois não vai dar uma chance para aquela profissional?
- Vi pelas redes sociais que você está namorando... É
namorado ou marido?
É namorado, futuro marido. Eu agradeço todos os dias pelo
meu namorado. No dia em que a gente se conheceu, eu avisei ele sobre tudo
aquilo que a gente passaria, como eu passei. E eu sou assim: magoe-me, mas não
magoa as pessoas que eu gosto. É comigo, o problema sou eu, se o problema é a
trans, a trans sou eu. Não envolve a minha mãe, o meu namorado, então deixa-os
em paz. Quando ele foi me buscar em casa, eu entrei e fui subir o vidro, pois
queria preservá-lo. Fui preconceituosa comigo mesma. E ele desceu o vidro.
Depois, pegava na minha mão, não tinha vergonha, tinha orgulho de estar comigo.
Hoje a gente é o casal sensação da cidade. Todo mundo conhece. E nem por isso
perdeu a masculinidade, nem deixou de ser hétero...
- Como "a
cidade" lidou com o relacionamento?
Ele costuma dizer que foi um filtro de amigos. Acho que essa
frase é esclarecedora, né? Quando ele estava ficando com mulheres cis, ele era
“o cara”. Mas quando ficou com uma trans, cadê aquele círculo de amigos tão
grande. Então hoje ele até agradece os que ficaram, pois esses são amigos. E me
enxergam com a mulher dele. Observo que os outros até aceitam que o cara fique
com uma garota trans, mas desde que seja no escurinho no reservado, mas andar
de mãos dadas, como ele faz comigo, não. Ele me apresentou para a família dele
como mulher transexual, todo mundo sabe a minha história, tanto que eles estão
muito felizes com a minha cirurgia, e a gente segue a vida.
- Hoje em dia qual é o meu maior sonho?
Vivia falando que o sonho da minha vida era a cirurgia e,
agora que eu consegui, eu vi que não era o sonho da minha vida. Eu vejo que era
uma coisa que estava ali para mim, e eu apenas peguei ela com a mão. Tinha que
acontecer, uma hora ia acontecer e eu só tinha que alcançar. Então o meu maior
sonho hoje é me casar, sucesso profissional, constituir família.
- A referência da sua mãe continua?
Aí já entram muitas histórias, mas a minha mãe é muito
guerreira. E se eu for metade do que a minha mãe é, eu já estou 100%
satisfeita. O que nós passamos juntas, em todos os sentidos, até mesmo na fase
do apoio que eu precisei, nossa, ela tirou de letra. Ela é evangélica do meio,
de cabelão, de saia lá no meio, e pode mudar a cabeça. Ela continua sendo
evangélica, porém tem uma visão diferenciada. Ela tem uma filha trans e
aprendeu a conviver com a diferença. Me chama no feminino. É outra coisa que
gosto de mencionar, porque existem pessoas que insistem em chamar de “ele”,
“porque você nasceu assim”, “não me acostumo”, usam como desculpa, né? Mas acho
que quando a pessoa respeita e gosta de você, ela vai te chamar da maneira que
você achar mais adequada. Agora a minha mãe foi espetacular, ela soube passar
por essa prova e me ensinar.
- Qual é a mensagem que você quer deixar com a sua
participação de sucesso no Miss International Queen?
Eu gostaria que as pessoas soubessem que independente de
condição financeira ou status, porte físico, qualquer pessoa é capaz e ela pode
chegar onde ela quiser. É mostrar que você tem os seus valores que você zela
por eles. Eu levanto a bandeira contra o racismo, contra a transfobia, acho que
todas as formas de amor são válidas, respeito ao próximo e respeito a
humanidade. O que está faltando hoje em dia é SER humano. Eu acho que cada uma
de nós que nasce com o peso de ser transexual, mas porque nós damos conta sim
do recado. Não viemos a passeio. Queremos representatividade, visibilidade,
oportunidade e somos capazes de qualquer coisa.
Texto e imagens reproduzidos do site: nlucon.com
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