Legenda da foto: Erasmo e Roberto Carlos letraram uma canção, eternizada pelos Titãs: "É preciso saber viver”
Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 22 de agosto de 2023
Penso que viver é a busca da felicidade, que entendo como plenitude
Por Aurélio Belém do Espírito Santo*
Na segunda-feira, 21, completei 44 anos renovando o ciclo da vida. Sempre gostei de comemorar a data ladeado da família e amigos, brindando, sorrindo, cantando, dançando, enfim, curtindo e colecionando momentos e memórias de alegria e prazer.
Contudo, nessa data, também reservo tempo para reflexão, quando reviso o ciclo que se fechou e planejo o que se abre, mergulhando profundamente num oceano de possibilidades. Amo a vida em sua complexa plenitude.
Ciente de que não alcançarei, busco cada dia compreender os mistérios e apreender suas lições, que muitas vezes vem com a dureza da realidade inexorável. Mas é justamente essa procura que faz a vida valer a pena.
Portanto, penso que viver é a busca da felicidade, que entendo como plenitude. Nessa busca, experimentamos uma sucessão de momentos, alegres ou tristes. Por isso, é na complexidade da vida que reside a sua beleza, mesmo quando essa se apresenta rude ou triste.
Nesse sentido, razão tinha o eterno Gonzaguinha quando compôs sua mais badalada canção “O Que É, o Que É?”:
“Eu fico com a pureza / Da resposta das crianças / É a vida, é bonita / E é bonita / Viver e não ter a vergonha / De ser feliz/ Cantar, e cantar, e cantar / A beleza de ser um eterno aprendiz / Ah, meu Deus! / Eu sei, eu sei / Que a vida devia ser bem melhor / E será! / Mas isso não impede / Que eu repita / É bonita, é bonita / E é bonita / E a vida, e a vida o que é? / Diga lá, meu irmão / Ela é a batida de um coração / Ela é uma doce ilusão / Êh! Ôh! / E a vida / Ela é maravilha ou é sofrimento? / Ela é alegria ou lamento? / O que é? O que é, meu irmão? / Há quem fale que a vida da gente / É um nada no mundo / É uma gota, é um tempo / Que nem dá um segundo/ Há quem fale que é um divino / Mistério profundo / É o sopro do criador / Numa atitude repleta de amor / Você diz que é luta e prazer / Ele diz que a vida é viver / Ela diz que melhor é morrer / Pois amada não é e o verbo é sofrer / Eu só sei que confio na moça / E na moça eu ponho a força da fé / Somos nós que fazemos a vida / Como der, ou puder, ou quiser / Sempre desejada / Por mais que esteja errada / Ninguém quer a morte /Só saúde e sorte / E a pergunta roda / E a cabeça agita / Eu fico com a pureza / Da resposta das crianças / É a vida, é bonita / E é bonita”.
Cada qual tem sua própria concepção de vida. Para mim, vida é transformação e aprendizado perenes. É caminhar para frente em busca da evolução em todos os aspectos, lembrando que as derrotas e quedas fazem parte do caminho e estas nos ensinam mais que as vitórias.
O sentido de felicidade sempre despertou o interesse da humanidade. Desde os antigos, recebeu atenção e sua acepção variou ao longo dos séculos, atraindo pensadores e filósofos a se debruçar sobre a sua problemática ideia. Portanto, de Tales de Mileto ao espanhol Julián Marías, passando por Demócrito, Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro, Marco Aurélio, Locke, Kant, Bertrand Russell, dentre tantos outros, a felicidade esteve vinculada ao bom demônio grego, à virtude, à justiça, a uma função da alma, à intelectualidade, ao prazer, à salvação da alma, ao direito do homem, a eliminação do egocentrismo e outras concepções filosóficas.
No entanto, na contemporaneidade, a precariedade da reflexão filosófica abriu espaço para superfluidade e liquidez, deixando de lado o conteúdo em troca da embalagem. Nesse sentido, a filosofia é busca incessante pela sabedoria. A filosofia de vida é busca pelo autoconhecimento e por valores que tragam estabilidade e equilíbrio. É enxergar que somos um em meio a uma coletividade complexa e diversa, mas que, dentro desta diversidade, somos iguais, enquanto seres humanos!
Individualmente, somos produto do que construímos em nossa marcha. Portanto, o primeiro passo para estabelecer uma filosofia de vida é se encontrar consigo mesmo, a partir disso compreender que somos os responsáveis pelo que significamos, em consequência das nossas próprias decisões. Portanto, perseguir a sensatez nas escolhas que fazemos ao longo do caminho é um bom começo para construção de uma filosofia de vida que nos permita rumar com destino à felicidade, que está em nós.
De nada adianta somente buscar o final feliz, se o caminho não é de felicidade. Afinal, feliz é quem que vive o presente, sem ansiedade pelo futuro e livre das amarras do passado.
Erasmo e Roberto Carlos também letraram uma canção, que foi eternizada pelos Titãs, de onde se retira simples, mas valiosa, lição:
“Quem espera que a vida / Seja feita de ilusão / Pode até ficar maluco / Ou morrer na solidão / É preciso ter cuidado / Pra mais tarde não sofrer / É preciso saber viver / Toda pedra no caminho / Você pode retirar / Numa flor que tem espinhos / Você pode se arranhar / Se o bem e o mal existem / Você pode escolher / É preciso saber viver”.
A propósito, os estoicos nos deixaram grandes lições de vida que valem a pena ser conhecidas e praticadas. Enfim, vivamos cada dia com sua agonia e alegria, mirando-se no objetivo que é ser feliz!
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* O articulista Aurélio Belém do Espírito Santo, é advogado e ex-diretor da OAB-SE.
Texto e imagem reproduzidos do site: Jlpolitica com br/articulista
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