Scarlett Johansson, em outubro, em Hollywood, Califórnia.
Publicado originalmente no site do jornal EL PAÍS BRASIL, em 28 de novembro de 2019
Woody Allen, casamentos e dinheiro: as confissões da
maturidade de Scarlett Johansson
Aos 35 anos, atriz fala de separações, da sua relação com o
diretor de cinema e do privilégio de ser a estrela mais bem paga do mundo
EL PAÍS
Scarlett Johansson chegou aos 35 anos e tem muitas histórias
para contar. Apesar de ser uma figura pública desde criança (seu primeiro emprego
remonta a 1994, quando tinha apenas 10 anos), não é muito frequente ouvi-la
falar sobre sua vida privada, seus relacionamentos, suas amizades, seus amores
e suas decepções. No entanto, por ocasião deste aniversário tão redondo –e do
lançamento do tão esperado filme História de um Casamento–, ela decidiu dar uma
entrevista à edição norte-americana da Vanity Fair na qual reflete sobre alguns
aspectos pessoais de sua vida.
Entre as questões abordadas pela intérprete de Encontros e
Desencontros e Match Point estão seus casamentos. "A primeira vez que me
casei tinha 23 anos", reflete sobre sua união com o ator Ryan Reynolds,
com quem esteve sob o mesmo teto entre 2008 e 2010. "Eu realmente não
entendia direito o que era o casamento. Acho que, de algum modo, eu lhe dei uma
visão muito romântica. Agora é uma questão diferente da minha vida. Me sinto em
meu lugar no mundo, capaz de tomar decisões mais ativas. Acho que estou mais
presente do que antes", explica sobre seu modo de assumir os
relacionamentos românticos. Depois de dois casamentos de dois anos de duração
cada um, Johansson anunciou em maio o próximo, com o comediante norte-americano
Colin Jost.
"Gosto da ideia de criar uma família, construí-la e
trabalhar nela. Acho que seria fantástico, sempre quis. Eu também queria isso
no meu casamento com o pai da minha filha. Não era a pessoa adequada, mas gosto
dessa ideia", confessa a estrela norte-americana em referência a Romain
Dauriac.
De fato, essa maturidade ao enfrentar a separação foi o que
a ajudou a conseguir o papel em seu novo filme, como explica na mesma
entrevista o diretor Noah Baumbach. "A primeira coisa que Scarlett me
disse foi: 'Estou passando por um divórcio.’” A intérprete que dá vida à famosa
Viúva Negra da Marvel se referia à separação de Dauriac, com quem teve sua
única filha, Rose Dorothy. No início de 2017, o casal anunciou a ruptura, após
dois anos de união, seguidos por quase 12 meses de batalha legal.
Mas na conversa a atriz não parece ser sincera somente sobre
os afetos românticos. Ela também fala sobre seu relacionamento com Woody Allen,
que defendeu em setembro, quando disse que acredita nele e que trabalharia com
ele novamente, algo que lhe valeu uma chuva de críticas. "Não sou
diplomática e não posso mentir sobre como me sinto em relação a certas
coisas", diz. "Não tenho por que fazer isso. Não faz parte da minha
personalidade. Não quero me editar nem moderar o que digo ou penso. Não posso
viver desse modo, não sou assim. Também acho que quando você tem esse tipo de
integridade provavelmente vai incomodar algumas pessoas. É parte de como tudo
funciona, suponho."
Não hesita em ser direta ao falar sobre o diretor de cinema.
"Faz parte da minha experiência. Não sei mais coisas que os outros, apenas
que tenho muita proximidade com Woody. É meu amigo. Mas não tenho mais
percepção do que a minha própria relação com ele", afirma.
Outra controvérsia que Johansson não tem dúvida de enfrentar
é a do filme Rub & Tug. Em meados de 2018, soube-se que lhe haviam
oferecido um papel nesse filme em que interpretaria Dante Tex Grill, um
personagem transexual baseado em um homem que, nos anos 70 e 80, dirigiu várias
casas de prostituição. As críticas da comunidade LGTBI foram de tal ordem que a
atriz, por fim, decidiu desistir de atuar no filme.
Estava errada, declarou na época, e agora se explica.
"Olhando em retrospectiva, lidei mal com a situação. Minha primeira reação
não foi sensível. Não estava totalmente ciente de como a comunidade transgênero
se sente, como vê atores cisgêneros atuando como transgêneros. Não estava por
dentro dessa conversa, não sabia. Aprendi muito em todo o processo, julguei
mal. Foi uma época dura, como um vendaval. Me senti péssima. Sentir que você
não tem sensibilidade para algo não é agradável."
Johansson também não se sente constrangida ao falar sobre
dinheiro. Em agosto se soube que, de novo, ela foi coroada como a atriz mais
bem paga do mundo. "A verdade é que não sei ...", diz, sobre como se
sente com esse título. "Me parece algo estranho, engraçado. Quando você
diz isso, me parece algo incrível, como se não fosse verdade”, diz, e ri diante
do entrevistador." Mas, não, é verdade que não é ruim, é
maravilhoso!", prossegue, rindo. "É maravilhoso porque me dá a
possibilidade de não me sentir obrigada a trabalhar constantemente. Posso ter
tempo. Não tenho que aceitar um trabalho porque preciso me sustentar, como
basicamente todos na indústria têm que fazer. Sei como isso funciona... Então,
é genial. É um luxo, um enorme luxo.”
Texto e imagem reproduzidos do site: brasil.elpais.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário