domingo, 5 de maio de 2019

... 'Meu primeiro sutiã' inspira campanha com protagonista transexual

Para recriar a perspectiva, a Antra, junto com a Madre Mia, se baseou na história 
real de sua protagonista: Ludmilla Galvan, que ganhou seu 1º sutiã aos 12 anos.
Reprodução Vimeo

Publicado originalmente no site Huff Post Brasil, em 25 de abril de 2019

Comercial 'Meu primeiro sutiã' inspira campanha com protagonista transexual

Iniciativa da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) visa conscientizar sobre preconceito e violência.

By Andréa Martinelli

Em 1987, o publicitário Washington Olivetto criou o comercial “Meu Primeiro Sutiã”, para a marca de lingerie Valisère. Com o slogan “o primeiro Valisére a gente nunca esquece”, o comercial que retratava a percepção de uma adolescente sobre as mudanças em seu corpo fez história na publicidade.

32 anos depois, o comercial se transformou em campanha que não só faz uma menção direta ao clássico ― que ganhou Leão de Ouro no Festival de Cannes à época ― mas expõe o cenário de violência e exclusão a que crianças e jovens transexuais são submetidas na escola e dentro da própria casa.

Produzida pela Madre Mia Filmes, a campanha, protagonizada pela argentina Ludmilla Galvan, que é uma menina trans, foi encomendada pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), que desenvolve estudos e pesquisas sobre número de assassinatos de pessoas transexuais no Brasil.

Para recriar a perspectiva, a Antra, junto com a Madre Mia, se baseou na história real de sua protagonista. Inicialmente identificada como Hugo Calvan, aos dez anos de idade ela conquistou o direito de alterar seu nome de batismo para Ludmila em seus documentos e, aos 12, ganhou seu primeiro sutiã.

Segundo a associação, a campanha tem a intenção de “conscientizar sobre a violência e preconceito contra as pessoas trans. Especialmente contra crianças e adolescentes em seus ambientes intrafamiliares”. Até o momento, o vídeo será veiculado na internet e TV, segundo o Meio e Mensagem.

Campanha expõe o cenário de violência e exclusão a que crianças e jovens 
transexuais são submetidas na escola e dentro da própria casa. (Reprodução Vimeo)

De acordo com dados do levantamento mais recente da Antra, feito em conjunto com o IBTE (Instituto Brasileiro Trans de Educação), 163 pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2018. Com a ausência de dados oficiais e políticas públicas, o relatório se apoia em denúncias e notícias de jornais.

No vídeo, a história de Ludmilla é guiada pela dificuldade de seu pai, que é viúvo, compreender seu universo. Enquanto isso ela, uma jovem transexual, está se conhecendo como mulher e sofre preconceito dentro da escola.

Cena do comercial da Valisère, protagonizado pela atriz Patrícia Lucchesi, em 1987 
e dirigido por Washington Olivetto. (Reprodução do YouTube) 

Ao final do vídeo, a Ludmilla “real” aparece ao lado de sua mãe, e diz: “Sejam o que quiserem ser. Sejam livres. Não se escondam. Se gosta de ser algo, seja”. A protagonista, na vida real, é filha de pais separados e mora com a mãe.


Texto, imagens e vídeo, reproduzidos dos sites: huffpostbrasil.com e vimeo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário