Para recriar a perspectiva, a Antra, junto com a Madre Mia, se baseou na história
real de sua protagonista: Ludmilla Galvan, que ganhou seu 1º sutiã aos 12 anos.
Publicado originalmente no site Huff Post Brasil, em 25 de abril de 2019
Comercial 'Meu primeiro sutiã' inspira campanha com
protagonista transexual
Iniciativa da Antra (Associação Nacional de Travestis e
Transexuais) visa conscientizar sobre preconceito e violência.
By Andréa Martinelli
Em 1987, o publicitário Washington Olivetto criou o
comercial “Meu Primeiro Sutiã”, para a marca de lingerie Valisère. Com o slogan
“o primeiro Valisére a gente nunca esquece”, o comercial que retratava a
percepção de uma adolescente sobre as mudanças em seu corpo fez história na
publicidade.
32 anos depois, o comercial se transformou em campanha que
não só faz uma menção direta ao clássico ― que ganhou Leão de Ouro no Festival
de Cannes à época ― mas expõe o cenário de violência e exclusão a que crianças
e jovens transexuais são submetidas na escola e dentro da própria casa.
Produzida pela Madre Mia Filmes, a campanha, protagonizada
pela argentina Ludmilla Galvan, que é uma menina trans, foi encomendada pela
Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), que desenvolve estudos
e pesquisas sobre número de assassinatos de pessoas transexuais no Brasil.
Para recriar a perspectiva, a Antra, junto com a Madre Mia,
se baseou na história real de sua protagonista. Inicialmente identificada como
Hugo Calvan, aos dez anos de idade ela conquistou o direito de alterar seu nome
de batismo para Ludmila em seus documentos e, aos 12, ganhou seu primeiro
sutiã.
Segundo a associação, a campanha tem a intenção de “conscientizar
sobre a violência e preconceito contra as pessoas trans. Especialmente contra
crianças e adolescentes em seus ambientes intrafamiliares”. Até o momento, o
vídeo será veiculado na internet e TV, segundo o Meio e Mensagem.
Campanha expõe o cenário de violência e exclusão a que
crianças e jovens
transexuais são submetidas na escola e dentro da própria
casa. (Reprodução Vimeo)
De acordo com dados do levantamento mais recente da Antra,
feito em conjunto com o IBTE (Instituto Brasileiro Trans de Educação), 163
pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2018. Com a ausência de dados
oficiais e políticas públicas, o relatório se apoia em denúncias e notícias de
jornais.
No vídeo, a história de Ludmilla é guiada pela dificuldade
de seu pai, que é viúvo, compreender seu universo. Enquanto isso ela, uma jovem
transexual, está se conhecendo como mulher e sofre preconceito dentro da
escola.
Cena do comercial da Valisère, protagonizado pela atriz
Patrícia Lucchesi, em 1987
e dirigido por Washington Olivetto. ( Reprodução do YouTube)
Ao final do vídeo, a Ludmilla “real” aparece ao lado de sua
mãe, e diz: “Sejam o que quiserem ser. Sejam livres. Não se escondam. Se gosta
de ser algo, seja”. A protagonista, na vida real, é filha de pais separados e
mora com a mãe.
Texto, imagens e vídeo, reproduzidos dos sites: huffpostbrasil.com e vimeo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário