Foto reproduzida do site: mundolivrefm.com.br e postada pelo blog
Texto publicado originalmente do site Lagarto como eu Vejo. em, 26/11/2018
A sombra do suicídio entre os jovens
Por Ivo Carraro *
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o
suicídio é a segunda causa de morte entre os jovens no mundo. Julio Jacobo
Waiselfisz, sociólogo e coordenador do Mapa da Violência no Brasil, endossou
esses dados ao apresentar em um de seus estudos que o número de suicídios
aumentou em 65% na faixa etária dos 10 aos 14 anos, e em 45% dos 15 aos 19
anos, no período entre os anos 2000 e 2015. Os números são alarmantes e a
situação exige atenção da sociedade.
Os motivos desse aumento de suicídios são multifatoriais: um
cérebro adolescente em formação, com as incertezas próprias desta idade, aliado
a uma criação super protetora. Soma-se a isso a obrigatoriedade de ser feliz a
qualquer custo em um mundo onde a mesma tecnologia que une também afasta as pessoas.
Difícil administrar, certo?
Diante de tantas incertezas, a ansiedade e a depressão podem
bater à porta e, para muitos deles, o suicídio é a saída na ânsia de exterminar
o sofrimento e o desespero. Diante dessa situação, cabe aos pais lembrar da importância
de transmitir segurança aos filhos durante a vida. Felizes deles também se
puderem contar com o limite, com o modelo dos pais diante das ameaças do mundo.
O suicídio entre os jovens é uma forma de fugir do mundo,
resultado da ausência de objetivos. A vida perde o sentido e eles deixam de
acreditar. Se um adolescente se suicida por desesperança, a sociedade na qual
ele vive certamente também está adoecida.
Caso a depressão já esteja instalada, torna-se indispensável
procurar um profissional para o tratamento de transtorno da personalidade
instalada no psiquismo desse adolescente. Aos educadores, cabe a contribuição
de fazer com que os alunos desviem temporariamente o olhar da tela do celular,
contemplem a natureza e entusiasmem-se por ela, criando assim uma visão
sistêmica da vida que apresenta desafios, mas que também traz oportunidades de
crescimento.
Acima de tudo é necessário desenvolver a consciência de que
todo desejo pede realização, mas que nem todo desejo poderá ser realizado. Pois
é neste ponto que surge a frustração.
E não para por aí. É preciso ensinar os princípios da
Inteligência Emocional, para adiar a necessidade de satisfação e aumentar a
tolerância quando as frustrações surgirem.
E neste âmbito, dois instintos devem ser levados em
consideração: de vida (Eros) e o de morte (Thanatos). Quando o instinto de
morte prevalece a vida corre perigo. Devemos cuidar dos nossos jovens para não
lhes faltar o principal: amor. Suicídio é a falência do amor.
* É psicólogo e professor do Centro Universitário
Internacional Uninter.
Texto reproduzido do site: lagartocomoeuvejo.com.br
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