Publicado originalmente na REVISTA BULA
A história do brasileiro que ‘namorou’ a atriz sueca Greta
Garbo
Por Euler de França Belém
“Walther Moreira Salles — O Banqueiro-Embaixador e a
Construção do Brasil” (Companhia Editora Nacional, 448 páginas), do jornalista
Luis Nassif, concentra-se na atuação financeira e política do notável
empreendedor. Mas o biógrafo conta, com certa discrição, as histórias amorosas
do, por assim dizer, latin lover. Rico, famoso e bonito, o empresário e banqueiro
manteve vários relacionamentos. Namorou a cantora Aurora Miranda, irmã da
cantora Carmen Miranda. Com esta aconteceu alguma coisa? “Flerte ligeiro, mas
houve.” Manteve relacionamento íntimo com Lily Monique Lemb, durante dez anos,
antes de ela se casar com o amigo Horácio de Carvalho. Mais tarde, ela se casou
com Roberto Marinho e se tornou Lily Monique de Carvalho Marinho.
Uma de suas primeiras grandes paixões foi a cantora
Alzirinha Camargo. “De 1938 a 1940, foi uma paixão louca, entremeada de brigas
e reconciliações. Muito moço ainda, o jovem banqueiro passara a ter sua
primeira amante oficial.”
“Walther Moreira Salles — O Banqueiro-Embaixador e a
Construção do Brasil” (Companhia Editora Nacional, 448 páginas),
do jornalista
Luis Nassif
Alzira Vargas, a filha predileta do presidente Getúlio
Vargas, namorou Walther Moreira Salles. Em 1938, quando os integralistas
(fascistas tropicais) atacaram o Palácio Guanabara, Alzira Vargas defendeu o
pai, “de revólver em punho”. “O acontecimento nublou um pouco o flerte com
Walther.” O banqueiro ligou para a jovem e ouviu: “Os seus correligionários
tentaram nos matar”. Ele era integralista.
Em 1941, Walther Moreira Salles casa-se com Hélène Tourtois,
filha do presidente da Coty americana. “Hélène era uma das mais belas mulheres
de Nova York. A paixão foi instantânea — e em francês, língua na qual os dois
se expressavam.” O empresário e escritor Fernando Moreira Salles, que foi sócio
da Editora Companhia das Letras, é filho do casal.
O amigo Homero Souza e Silva alertou Walther Moreira Salles:
Hélène acabaria se separando, dada a quantidade de amantes do marido. O
banqueiro replicou que as estrangeiras não se importavam com infidelidade, mas
Hélène acabou trocando-o por Ermelino Matarazzo.
Embaixador nos Estados Unidos, Walther Moreira Salles
recebeu uma homenagem, um jantar, de Mike Cowles, editor da revista “Look”
(Stanley Kubrick era fotógrafo da publicação). Entre os convidados estavam
Alfred Vanderbilt Jr., milionário, Gloria Vanderbilt, socialite e desenhista de
moda, e as atrizes Rosalind Russel, Marlene Dietrich e Greta Garbo.
Greta Garbo, atriz sueca
A atriz sueca, “já afastada do cinema”, era uma bela mulher.
“Na mesa, Walther ficou entre a anfitriã [Fleur] e Greta Garbo. Em frente,
Marlene Dietrich, carregada de joias, tendo ao lado João Neves da Fontoura
[ministro das Relações Exteriores], feliz da vida.”
Greta Garbo bebia vinho branco e o banqueiro, vinho tinto.
“Foi o mote para engatarem uma boa conversa. Walther propôs que ambos enchessem
os copos de vinho branco e tinto e depois trocassem entre si.”
O embaixador ficou impressionado com a “exuberância de
Garbo. Ao rir, a deusa jogava a cabeça para trás, permitindo que se apreciasse
uma dentição perfeita e seios brancos e pequenos, como os de uma adolescente,
néctar dos deuses que o decote generoso permitia vislumbrar”.
Os dois foram namorados ou amantes? Luis Nassif não é
explícito, mas sugere: “Durante um ano e meio continuaram trocando taças de
vinho. A contrário das lendas, Garbo revelou-se uma mulher espontânea e alegre,
que havia se retirado das telas por cansaço com Hollywood. Tinha bastante
insegurança com sua pronúncia, que o cinema falado acentuava. E curtia uma
imensa dor de cotovelo, que os gossips da época atribuíam a uma paixão por
George Schlee, marido da modista Valentina Schlee”.
Alzira Vargas e o presidente Getúlio Vargas
Mas e a mulher-geladeira, glacial? “Não havia nada de
sombrio em Garbo. Era apenas extraordinariamente bonita, caraterística que
administrava com naturalidade”, escreve Luis Nassif, que entrevistou Walther
Moreira Salles. Nos Estados Unidos, os dois se encontravam no Le Bistrot da
Terceira Avenida. “Garbo repetia frequentemente que admirava muito os Estados
Unidos, mas não se referia a Hollywood com prazer. E mais não se sabe desse
relacionamento, a não ser por uma coleção de fotos autografadas de La Garbo,
conservadas com carinho nos arquivos do embaixador. E, também, duas viagens a
Estocolmo, a convite da diva”, registra o biógrafo.
Depois de uma temporada de paqueras, Walther Moreira Salles
casou-se com Elisa Margarida Gonçalves, a Elisinha, mãe de Walther, Pedro e
João Moreira Salles. Os dois compuseram um casal glamuroso, e não apenas
nacionalmente. Mais tarde, separada do banqueiro, ela se matou.
Uma falha do livro é a ausência de um índice de nomes.
Texto e imagens reproduzidos do site: revistabula.com
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