sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A história do brasileiro que ‘namorou’ a atriz sueca Greta Garbo


Publicado originalmente na REVISTA BULA

A história do brasileiro que ‘namorou’ a atriz sueca Greta Garbo

Por Euler de França Belém

“Walther Moreira Salles — O Banqueiro-Embaixador e a Construção do Brasil” (Companhia Editora Nacional, 448 páginas), do jornalista Luis Nassif, concentra-se na atuação financeira e política do notável empreendedor. Mas o biógrafo conta, com certa discrição, as histórias amorosas do, por assim dizer, latin lover. Rico, famoso e bonito, o empresário e banqueiro manteve vários relacionamentos. Namorou a cantora Aurora Miranda, irmã da cantora Carmen Miranda. Com esta aconteceu alguma coisa? “Flerte ligeiro, mas houve.” Manteve relacionamento íntimo com Lily Monique Lemb, durante dez anos, antes de ela se casar com o amigo Horácio de Carvalho. Mais tarde, ela se casou com Roberto Marinho e se tornou Lily Monique de Carvalho Marinho.

Uma de suas primeiras grandes paixões foi a cantora Alzirinha Camargo. “De 1938 a 1940, foi uma paixão louca, entremeada de brigas e reconciliações. Muito moço ainda, o jovem banqueiro passara a ter sua primeira amante oficial.”

“Walther Moreira Salles — O Banqueiro-Embaixador e a
Construção do Brasil” (Companhia Editora Nacional, 448 páginas),
do jornalista Luis Nassif

Alzira Vargas, a filha predileta do presidente Getúlio Vargas, namorou Walther Moreira Salles. Em 1938, quando os integralistas (fascistas tropicais) atacaram o Palácio Guanabara, Alzira Vargas defendeu o pai, “de revólver em punho”. “O acontecimento nublou um pouco o flerte com Walther.” O banqueiro ligou para a jovem e ouviu: “Os seus correligionários tentaram nos matar”. Ele era integralista.

Em 1941, Walther Moreira Salles casa-se com Hélène Tourtois, filha do presidente da Coty americana. “Hélène era uma das mais belas mulheres de Nova York. A paixão foi instantânea — e em francês, língua na qual os dois se expressavam.” O empresário e escritor Fernando Moreira Salles, que foi sócio da Editora Companhia das Letras, é filho do casal.

O amigo Homero Souza e Silva alertou Walther Moreira Salles: Hélène acabaria se separando, dada a quantidade de amantes do marido. O banqueiro replicou que as estrangeiras não se importavam com infidelidade, mas Hélène acabou trocando-o por Ermelino Matarazzo.

Embaixador nos Estados Unidos, Walther Moreira Salles recebeu uma homenagem, um jantar, de Mike Cowles, editor da revista “Look” (Stanley Kubrick era fotógrafo da publicação). Entre os convidados estavam Alfred Vanderbilt Jr., milionário, Gloria Vanderbilt, socialite e desenhista de moda, e as atrizes Rosalind Russel, Marlene Dietrich e Greta Garbo.

Greta Garbo, atriz sueca

A atriz sueca, “já afastada do cinema”, era uma bela mulher. “Na mesa, Walther ficou entre a anfitriã [Fleur] e Greta Garbo. Em frente, Marlene Dietrich, carregada de joias, tendo ao lado João Neves da Fontoura [ministro das Relações Exteriores], feliz da vida.”

Greta Garbo bebia vinho branco e o banqueiro, vinho tinto. “Foi o mote para engatarem uma boa conversa. Walther propôs que ambos enchessem os copos de vinho branco e tinto e depois trocassem entre si.”

O embaixador ficou impressionado com a “exuberância de Garbo. Ao rir, a deusa jogava a cabeça para trás, permitindo que se apreciasse uma dentição perfeita e seios brancos e pequenos, como os de uma adolescente, néctar dos deuses que o decote generoso permitia vislumbrar”.

Os dois foram namorados ou amantes? Luis Nassif não é explícito, mas sugere: “Durante um ano e meio continuaram trocando taças de vinho. A contrário das lendas, Garbo revelou-se uma mulher espontânea e alegre, que havia se retirado das telas por cansaço com Hollywood. Tinha bastante insegurança com sua pronúncia, que o cinema falado acentuava. E curtia uma imensa dor de cotovelo, que os gossips da época atribuíam a uma paixão por George Schlee, marido da modista Valentina Schlee”.

Alzira Vargas e o presidente Getúlio Vargas

Mas e a mulher-geladeira, glacial? “Não havia nada de sombrio em Garbo. Era apenas extraordinariamente bonita, caraterística que administrava com naturalidade”, escreve Luis Nassif, que entrevistou Walther Moreira Salles. Nos Estados Unidos, os dois se encontravam no Le Bistrot da Terceira Avenida. “Garbo repetia frequentemente que admirava muito os Estados Unidos, mas não se referia a Hollywood com prazer. E mais não se sabe desse relacionamento, a não ser por uma coleção de fotos autografadas de La Garbo, conservadas com carinho nos arquivos do embaixador. E, também, duas viagens a Estocolmo, a convite da diva”, registra o biógrafo.

Depois de uma temporada de paqueras, Walther Moreira Salles casou-se com Elisa Margarida Gonçalves, a Elisinha, mãe de Walther, Pedro e João Moreira Salles. Os dois compuseram um casal glamuroso, e não apenas nacionalmente. Mais tarde, separada do banqueiro, ela se matou.

Uma falha do livro é a ausência de um índice de nomes.

Texto e imagens reproduzidos do site: revistabula.com

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